Esta manhã, na habitual reunião de arranque de semana em Belém, o Presidente da República não quis nada na sua agenda pública até ao próximo fim de semana. A audiência que a líder do CDS lhe pediu ficou, assim, para já, sem resposta.
Apostado em não se deixar envolver na crise, Marcelo evita ficar numa fotografia que entende só ter dois protagonistas: a Assembleia da República e o Governo. E a forma como decidiu sair de cena foi de tal maneira cumprida à risca que Marcelo Rebelo de Sousa nem sequer foi no passado fim de semana ao Open do Estoril, onde nunca falta.
O calendário para este distanciamento corre a favor do Presidente. Como no próximo fim de semana os partidos dão o tiro de partida para a campanha das europeias que oficialmente começa na próxima segunda-feira, Marcelo tem argumentos redobrados para se manter à distância.
Assunção Cristas pediu na sexta-feira para ser recebida pelo Presidente, quando rebentou a ameaça de demissão do primeiro-ministro. Mas com a reviravolta entretanto ocorrida nas posições dos partidos à direita sobre a lei dos professores e, tudo indica, tendo desaparecido o móbil da crise, o Presidente, para já, ignorou o assunto.
Marcelo Rebelo de Sousa parte esta segunda-feira à tarde para Nápoles onde participará na Cotec Europa e de onde regressa na terça-feira ao final do dia. Para quarta, quinte e sexta, ainda nada previsto.
"O Presidente já tinha definido uma agenda interna mínima até às eleições europeias", explicou ao Expresso a assessoria de comunicação da Presidência. Mas isso não significa que Marcelo esteja parado em Belém. Ontem recebeu no palácio o filósofo Bernard-Henri Lévy. E domingo, enquanto PSD e CDS geriam nos media o seu recuo na crise dos professores, o Presidente tomava decisões sobre diplomas do Governo e da Assembleia da República. O Governo foi brindado com oito promulgações e a Assembleia com um veto.
Entre as leis promulgadas estão a que aplica a taxa mínima do IVA à componente fixa de eletricidade e gás; a que equipara os membros do Conselho Económico e Social aos membros dos gabinetes ministeriais; e a que consagra a atribuição de uma bonificação no tempo de serviço a todos os bombeiros; e uma série de diplomas relacionados com o habitação, entre eles o que cria o programa de arrendamento acessível.
O Presidente vetou o diploma da Assembleia que permite a manutenção de uma farmácia num único Hospital do SNS, a saber, o de Loures.
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