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Política

Marques Mendes: “António Costa é um profissionalão. Sabe mais de política a dormir do que os outros acordados”

A propósito do controverso diploma dos docentes, o comentador político da SIC afirma que a crise de fim de semana acabou este domingo e que o grande vencedor foi António Costa, que bateu o pé aos 'amadores' Rui Rio e Assunção Cristas. E ganhou autoridade para consolidar a ideia de maioria absoluta nas legislativas

Marques Mendes: “António Costa é um profissionalão. Sabe mais de política a dormir do que os outros acordados”

Isabel Paulo

Jornalista

Luis Marques Mendes avançou no seu habitual comentário da SIC que o primeiro-ministro fez, na sexta-feira, um discurso “responsável”, apesar do taticismo e oportunismo político. “Dramatizou e bateu o pé ao PSD e CDS“, diz, ao ponto de Rui Rio e Assunção Cristas terem acabado por recuar “perante uma solução insustentável” para as finanças públicas.

“Rio reconheceu hoje que sem salvaguarda financeira iríamos cair de novo no défice, depois da saída da bancarrota”, referiu Marques Mendes, sublinhando que a reposição integral do tempo de serviço dos docentes, do ponto de vista da equidade, não era correto em relação aos trabalhadores dos privados, ainda com os salários em baixa, ou para os pensionistas e reformados.

Na opinião do antigo líder laranja, é verdade que o PS criou expectativas aos professores, “mas foi coerente nesta matéria no último ano”. Na gestão da crise politica, criada com o cenário de demissão na sexta-feira, o comentador alega que Costa “foi inteligente numa altura em que estava em dificuldades com a geringonça” na questão da saúde e das eleições europeias. “Encontrou um cenário para fazer teatro por ingenuidade, desleixo ou amadorismo do PSD e CDS, que lhe estenderam a passadeira vermelha ao aprovarem na comissão parlamentar os nove anos de recuperação dos professores”, sustentou, titulando António Costa de “profissionalão da política”.

“Deram-lhe a oportunidade de passar da defesa para o ataque”, acrescentou. Para Marques Mendes, apesar de a esquerda não ter lepra, foi um erro - “do ponto de vista da credibilidade” - PSD e CDS aparecerem de braço dado com o BE e o PCP. “Nenhum ministro das Finanças do CDS ou PSD daria aval ao que aprovaram na comissão parlamentar, na quinta-feira”, afiança o comentador, que lembra que aos olhos da opinião pública o rigor das contas públicas “é o maior ativo” dos dois ex-parceiros de governação.

“Por amadorismo ou falta de jeito Rio e Cristas colocaram-se a jeito e não tiveram alternativa senão recuarem”, garantiu Mendes, que adverte que um e outro fizeram bem em arrepiar caminho, pois “insistir no erro era pior”. “A seguir teriam mais derrotas, com o veto do Presidente da República ou com eleições antecipadas em julho”. Para Marques Mendes, se Rui Rio tivesse dito sexta-feira o que disse hoje - ou seja que a reposição salarial integral dos professores só com salvaguarda financeira em função do crescimento económico -, não teria havido crise política. O cenário da eventual queda do Governo foi acenado, de acordo com Marques Mendes, já há 15 dias, mas que o PSD e CDS andaram distraídos e “caíram na esparrela”.

Sobre quem saiu vencedor da agitação política dos últimos dias, Marques Mendes não tem dúvidas: o PS e António Costa, que ganhou autoridade para consolidar a ideia de maioria absoluta nas legislativas. “E um novo élan para as eleições europeias, que estavam a correr mal ao PS”, conclui, mesmo que defenda que Pedro Marques foi um erro de casting.

Se o PS não ganhar as legislativas com maioria absoluta, Marques Mendes acredita que Costa ganhou espaço para governar sozinho: “Quem o tentar derrubar, quem não aprovar uma matéria essencial, ele ameaça e faz-se de vítima”. “António Costa sabe mais de política a dormir do que os outros acordados”, sentencia o comentador da SIC.

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