"Uma bomba eleitoral", diz Marques Mendes sobre a redução no preço dos passes
"É provavelmente a medida com efeito mais eleitoralista que conheço dos últimos 25 anos", disse o comentador na SIC, depois de apresentar quadros com exemplos de descontos que podiam chegar aos 360 euros mensais
"O que vai acontecer nos passes sociais na Grande Lisboa e no Grande Porto, a partir de Abril, é uma autêntica "revolução", disse Luís Marques Mendes este domingo na SIC. O comentador levou quadros com contas para mostrar na sua análise e comprovar que não só a medida do Governo terá "um impacto social enorme", como representa uma "bomba eleitoral": "É provavelmente a medida com efeito mais eleitoralista que conheço dos ultimos 25 anos", disse o ex-líder do PSD que apresentou casos concretos de famílias-tipo que poderiam poupar 250 euros mensais ou mesmo mais de 360 euros por mês.
As familias "vão efetivamente poupar muito dinheiro por mês", constatou Marques Mendes, para concluir que a medida "terá um impacto político e social enorme". O antigo político diz que se tivesse sido "tomada no ano passado, mas a dois meses de eleições europeias e a seis de legislativas é evidente que é eleitoralismo sem limites".
Apesar de referir que "a medida é justa, necessária e vai na direção certa" por incentivar o transporte público, o comentador considera "haver algumas injustiças para o interior do país". E questiona: "E as dezenas de municípios que nem transportes têm? Estão a pagar mas não recebem nada." Para Marques Mendes, "o Interior fica a ver navios. Fica a ideia de que para os sítios onde estão os votos há dinheiro. Onde não há votos, fica-se para trás".
Tomás Correia da escola Salgado e a "taberna" do padre Melícias
"Parecia que estava a ouvir Ricardo Salgado, é a mesma escola", disse Marques Mendes sobre a entrevista de Tomás Correia, presidente da Associação do Montepio ao DN/TSF - e repetiu a sua tese sobre aquilo que considera ser uma fraude: "Há uma semana disse que se o banco Montepio pagar a coima a que Tomás Correia foi condenado pelo Banco de Portugal, será uma fraude. E reafirmo. Se for o banco a pagar é mesmo uma fraude", insistiu. "A condenação, neste caso, é pessoal e não da instituição".
Na entrevista, porém, Tomás Correia disse que esse pagamento estaria coberto pelo seguro que têm os administradores bancários. "Só que o presidente do conselho de administração do Banco, Carlos Tavares, diz o contrário. Diz que o seguro não cobre esse pagamento", explicou o comentador, lembrando que Tomás Correia incluiu numa ata da assembelia-geral uma deliberação a salvaguardar o pagamento de custos relacionados com "documentos emitidos por entidades oficiais". É aqui que Mendes identifica fraude.
O analista ainda comentou ainda as declarações do padre Vítor Melícias, a dizer que "não é um secretariozeco ou um qualquer ministro que vai afastar uns órgãos sociais democraticamente eleitos". Sugeriu ao franciscano que preside à assembleia geral da associação mutualista do Montepio "uma linguagem mais digna e menos de taberna". Primeiro: "Não há em Portugal 'secretariozecos'. Há secretários de Estado. Tal como não há padrecos. Há padres".
Luís Marques Mendes ressalvou ainda que "o Governo cumpriu o que tinha prometido: "Clarificar a lei sobre as Associações Mutualistas, no que respeita aos poderes de regulação". Agora espera que "a decisão seja rápida" porque o processo se "arrasta há tempo demais".