Política

Caixa. PSD indica Luís Leite Ramos para presidir à comissão de inquérito

Deputado fazia parte da direção de bancada de Hugo Soares. Na anterior comissão, o presidente também foi indicado pelo PSD, mas demitiu-se

Começa a desenhar-se a composição daquela que será a segunda comissão de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Para já, apurou o Expresso junto de fonte oficial da bancada social-democrata no Parlamento, o PSD decidiu indicar o deputado Luís Leite Ramos para a presidência da comissão.

Esta não será, aliás, a primeira vez que o partido preside a uma investigação sobre o banco público. Na comissão de inquérito à recapitalização da Caixa que decorreu entre 2016 e 2017, o deputado José Matos Correia foi o escolhido para coordenar os trabalhos. Mas foi o próprio que acabou por preferir demitir-se, em fevereiro de 2017, dando lugar ao colega Emídio Guerreiro.

Os argumentos de Matos Correia para justificar a demissão são aqueles que ainda hoje a direita usa para criticar a forma como a investigação acabaria por terminar. Para o deputado, houve um bloqueio da maioria de esquerda que não deixou o processo avançar - à época, a queixa prendia-se com o facto de os partidos serem contra a divulgação das mensagens trocadas entre António Domingues, então administrador do banco, e Mário Centeno, sobre a necessidade de a administração entregar as suas declarações de rendimentos. O caso acabou, aliás, por dar origem à constituição de uma nova comissão, dedicada exclusivamente a perceber o que fora combinado entre Domingues e Centeno, e que acabou por ser descrito por este último como "um erro de perceção mútua".

A história da primeira comissão não teve, no entanto, um final feliz: já depois da partida de Matos Correia, os partidos desentenderam-se por causa do relatório do socialista Carlos Pereira, que apontava para erros de análise na CGD e não para casos de gestão danosa ou de pressões sobre o banco público (faltava ter acesso a documentos que continuavam a não ser divulgados pelo banco e pela CMVM que poderiam completar a versão dos administradores, alegou o deputado). Mas, uma vez que na votação desse relatório houve um empate, nem sequer essa versão chegou a ser aprovada. A comissão foi encerrada sem conclusões - até hoje, a direita acusa a esquerda de bloquear o funcionamento da comissão, por não ter querido esperar pelo acesso a novos documentos; e a esquerda acusa PSD e CDS de quererem arrastar o nome do banco público pela lama.

Aprovada a constituição da comissão, sabe-se assim o nome do deputado que a vai presidir e que fazia parte da direção de bancada nos tempos de Hugo Soares, coordenando agora a comissão parlamentar encarregue de montar a estratégia Portugal 2030. Esta semana, ficarão a conhecer-se os nomes dos deputados que os partidos indicarão - do lado do CDS, conforme noticiou o "Público", os trabalhos serão coordenados, tal como na anterior comissão, por João Almeida.

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