Política

Luís Montenegro ameaça Rio: “Muito em breve falarei do estado de coisas do PSD”

Luís Montenegro ameaça Rio: “Muito em breve falarei do estado de coisas do PSD”
Nuno Botelho

As declarações de Manuela Ferreira Leite, que Montenegro considerou “gravíssimas” e “perigosas”, foram a gota de água para o social-democrata se chegar à frente contra Rio. A expectativa de próximos do ex-líder parlamentar do PSD é que assuma o desafio para disputar já a liderança

Luís Montenegro ameaça Rio: “Muito em breve falarei do estado de coisas do PSD”

Vítor Matos

Jornalista

Luís Montenegro ameaça Rio: “Muito em breve falarei do estado de coisas do PSD”

Filipe Santos Costa

Jornalista da secção Política

As declarações de Manuela Ferreira Leite a dizer que prefere que o PSD tenha um "pior resultado" eleitoral do que um "rótulo de direita" levaram Luís Montenegro - o ex-líder parlamentar do PSD e potencial candidato a líder -, a dizer esta quarta-feira que vai quebrar o silêncio sobre a liderança de Rui Rio, que no próximo domingo assinala um ano da eleição para a chefia do partido: "Muito em breve falarei do estado de coisas e do estado do PSD. O PSD assim não se vai conseguir afirmar", anunciou no programa Almoços Grátis, na TSF, onde mantém um debate semanal com o socialista Carlos César. A expectativa de próximos de Montenegro é que assuma dentro de dias o desafio a Rui Rio para disputar já a liderança.

O antigo presidente da bancada parlamentar do passismo considera "gravíssimo" que Ferreira Leite tenha dito que preferia ter um partido "pequenino", colando o que pensa a ex-líder à direção de Rui Rio, que colocou o partido mais à esquerda do que estava nos anos de Pedro Passos Coelho. "É muito perigoso, embora seja transparente, que diga o que pensa. É perigoso matar um PSD maioritário, como partido Governo, transformando o PSD num pequeno partido, irrelevante e sem importância estratégica". E foi mais longe: "Esta afirmação de Manuela Ferreira Leite, que corresponde à linha política da atual direção não é a minha e quero dizê-la com toda a frontalidade: estarei sempre na linha de um PSD grande e ganhador". E depois afirmou que hoje não queria dizer mais do que apenas isto, reservando para "breve" novas declarações, que podem consubstanciar um desafio à liderança.

“As coisas não podem continuar como estão”

O contexto das declarações de Manuela Ferreira Leite tem a ver com a convenção de direita organizada pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL) que vai realizar-se em Lisboa esta quinta e sexta-feira, onde Luís Montenegro e outros críticos de Rui Rio vão discursar. Montenegro garantiu que quando foi convidado havia nomes do PS confirmados, como António José Seguro, Francisco Assis ou Luís Amado (os primeiros dois acabaram por desistir). Para o social-democrata, isto não teria nada a ver com o PSD, mas com debater o país: "Eu pertenço a uma família política onde as pessoas têm a liberdade de dizer o que pensam e participam em debates com o PS e até com partidos mais à esquerda".

Luís Montenegro considerou as declarações de Ferreira Leite no programa Pares da República, também na TSF, "graves e completamente descabidas". "O que é relevante é que se execute uma ideia de transformar o PSD em partido que não se importa de perder eleições e importância política para evitar um rótulo".

"Dizer como ela disse que prefere um mau resultado a um rótulo que não existe de uma coisa que ainda nem se realizou e que devia ter pessoas de vários quadrantes políticos é gravíssimo", afirmou o rival de Rui Rio. "Até porque por detrás desta afirmação está uma ideia de PSD de que estou em profundo desacordo. Há pessoas no PSD que não se importam que o partido seja cada vez mais pequeno, pequenino". E posicionou-se: "As coisas não podem continuar como estão."

Garantindo que não participa na convenção com a intenção de um dia integrar qualquer movimento ou partido concorrentes do PSD - "jamais", disse - também contestou a tese de Ferreira Leite de que a organização do evento estaria ligada à pressão para integrar as listas do PSD.

Sobre o seu posicionamento ideológico, Montenegro assumiu: "Eu sempre quis estar à direita do PS. É estar à direita do PS, não é a extrema-direita". E explicou: "O que interessa aqui é a substância das políticas. As políticas que preconizo dão mais liberdade à sociedade, libertam a sociedade para dar mais riqueza, promovendo mais justiça social, independentemente do rótulo que me queiram colar".

No fim, agradeceu o facto de Ferreira Leite ter sido transparente. Veremos o que dirá "em breve".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: FSCosta@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate