Política

Rubina Berardo, um “espírito livre”

Rubina Berardo, um “espírito livre”

Filipe Santos Costa

Jornalista da secção Política

DR

Tornou-se conhecida na última semana por uma razão insólita: optou por não abusar dos subsídios do Estado. Rubina Berardo é a única dos doze deputados das ilhas que estão na Assembleia da República que decidiu não acumular dois subsídios para financiar as suas deslocações à Madeira, o seu círculo eleitoral. Ao Expresso, explicou que foi por “opção pessoal”. Depois de denunciado o caso das viagens dos deputados das ilhas, disse à Renascença que no seu “entendimento pessoal”, “essas deslocações já estariam cobertas através do subsídio [de mobilidade que os deputados recebem da AR]”. E recusou-se a comentar o comportamento dos seus pares. “Não me surpreende”, diz Duarte Marques, deputado do PSD e ex-líder da JSD, numa direção de que Rubina Berardo fazia parte: “A Rubina sempre foi muito escrupulosa e sempre deu importância à ética e à transparência na política. Ela acredita mesmo que os políticos devem dar um exemplo.”

Com 35 anos, é economista e vice-presidente da bancada do PSD desde a eleição de Fernando Negrão. Licenciada em Economia e Ciência Política, tem uma pós-graduação em Política Europeia. Filha de mãe alemã (Ilse, teóloga e pastora luterana) e pai madeirense (Jorge, empresário, irmão de José Berardo), começou a carreira na Direção Regional dos Assuntos Europeus do Governo da Madeira (tem vínculo de funcionária pública). Em 2011 candidatou-se à presidência da JSD-Madeira, mas foi derrotada por José Pereira (que, poucos meses depois, se demitiu numa declaração com baba e ranho). Em 2012 Rubina mudou-se para Lisboa, como conselheira económica da Embaixada da Alemanha. Talvez seja a costela alemã que a torna “demasiado federalista” para o gosto do PSD. Michael Seufert, ex-deputado do CDS e ex-líder da JP, que tem em comum a ascendência, destaca o facto de ser “muito competente e trabalhadora”. E, no caso das viagens, a “capacidade de parar para pensar, recusando fazer as coisas como os outros sempre fizeram”. O que encaixa no “espírito livre” que Duarte Marques lhe atribui: “Ela é muito descomplexada nas ideias. Nalgumas, talvez esteja mais perto do BE”, admite, referindo-se às questões de costumes.

Artigo publicado na edição do EXPRESSO de 21 de abril de 2018

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