Da política para o BCE, passando pelo Lehman Brothers

Luis de Guindos é o primeiro a passar de um governo diretamente para uma posição de topo no BCE. Da política ao sector financeiro, conheça o percurso do futuro vice-presidente daquela instituição
Luis de Guindos é o primeiro a passar de um governo diretamente para uma posição de topo no BCE. Da política ao sector financeiro, conheça o percurso do futuro vice-presidente daquela instituição
Jornalista
A decisão foi unânime junto dos ministros das Finanças do Eurogrupo. Luis de Guindos, ministro espanhol da Economia e Competitividade, assumirá o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) a 1 de junho. Mas esta não é uma opção consensual nas instituições europeias. Luis de Guindos é o primeiro a passar diretamente de um Governo para um cargo de topo numa entidade que se rege pela independência.
Mas quem é Luis de Guindos? Tem 58 anos e as suas ligações à política remontam ao primeiro mandato de José María Aznar. Em 1996, foi nomeado diretor geral de Política Económica e Defesa da Concorrência, cargo que ocupou até 2002, para depois se tornar secretário de Estado da Economia. A sua experiência foi reforçada quando, a 22 de dezembro de 2011, assumiu a pasta da Economia e Competitividade e, a partir de 15 de abril de 2016, o Ministério da Indústria, Energia e Turismo, após a demissão de seu antecessor, José Manuel Soria.
Mas foi mais tarde, já no governo espanhol de Mariano Rajoy, que de Guindos mais sobressaiu. Foi chamado para Ministro da Economia, Indústria e Competitividade, posição em que teve de lidar com a maior crise económica moderna e enfrentar medidas drásticas para fortalecer a economia espanhola. Na altura, a União Europeia concedeu um empréstimo no valor de 100 mil milhões de euros que só poderia ser canalizado para a banca.
No mundo empresarial e financeiro, de Guindos, economista, foi membro do conselho de administração da ferroviária Renfe, entre 1997 e 2000, e do Instituto de Crédito Oficial, de 2000 a 2002. Foi diretor da área financeira da consultora PWC e da IE Business School, presidente executivo da Nomura Securities, membro do conselho de administração da Endesa, Unedisa, Logista e BMN. Mas a sua passagem pelo Lehman Brothers foi a que lhe valeu mais críticas, já que presidiu as operações em Portugal e Espanha do Lehman Brothers Holdings até o colapso do banco norte-americano, em 2008.
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