Política

Nova lei da PMA aprovada pela esquerda

Os partidos de esquerda aprovaram esta quinta-feira, em votação indiciária no Grupo de Trabalho da PMA, a nova lei que permite o acesso de todas as mulheres a técnicas de fertilidade. A gestação de substituição (barrigas de aluguer) foi chumbada

Nova lei da PMA aprovada pela esquerda

Carolina Reis

Jornalista

Os partidos de esquerda acabaram de aprovar na reunião do Grupo de Trabalho da procriação medicamente assistida (PMA) a nova lei, que alarga o acesso a todas as mulheres.

"O projeto-lei que alarga o acesso a todas as mulheres mereceu em votação indiciária os votos favoráveis do PS, BE, PCP, PEV e PAN e os votos contra do PSD e CDS", disse ao Expresso a deputada Isabel Moreira.

Seguem-se as retificações na próxima quarta-feira e depois a votação final global em plenário, o que deverá acontecer até princípio de maio. "Antecipa, finalmente, o ponto zero em termos legais de discriminação", continua a deputada socialista.

Atualmente, apenas mulheres casadas (ou em união de facto há pelo menos dois anos), heterosseuxias e inférteis podem recorrer a técnicas de fertilidade para engravidar. A lei deixará agora de excluir solteiras, divorciadas, viúvas e casais de lésbicas.

A ILGA já reagiu, "congratulando-se com a evolução de voto do PCP". De toda a esquerda, o PCP era o único partido que tinha votado contra o alargamento da lei.

Desde dezembro que um grupo parlamentar discutia o alargamento do acesso dos beneficiários, no qual os comunistas foram mostrando algumas dúvidas mas uma abertura em relação à posição que tinham anteriormente. Foram ouvidas várias organizações, como a própria ILGA, o Conselho Nacional de PMA e do Conselho Nacional das Ciências da Ética e da Vida.

No mês de fevereiro, 19 instituições enviaram uma declaração conjunto à comissão de Saúde a pedir as alterações à lei, uma delas era a Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP-IN. O texto foi inclusivamente publicado no jornal "Avante!", órgão oficial do PCP.

Barrigas de aluguer chumbadas

O projeto-lei apresentado pelo Bloco de Esquerda que pretendia legalizar o acesso à maternidade de substituição, para mulheres sem útero ou com lesões, foi chumbado. PCP, PSD e CDS manifestaram-se contra.

"Há hoje um avanço que é dado na lei em Portugal e no respeito pelos direitos das mulheres e pelos vários tipos de família que é importante. Mas há um passo que fica por dar, que é o da gestação de susbstituição e que deve ser dado para que, de facto, todas as mulheres possam ser mães", disse ao Expresso o deputado bloquista Moisés Ferreira.

As votações de hoje foram indiciárias e ainda podem ser retificadas. O PSD apesar de ter votado contra os dois projetos lei, terá liberdade de escolha na votação final.

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