Assunção Cristas diz que o está no esboço do Orçamento de Estado “é muitíssimo preocupante”. A candidata a líder dos centristas, que está na Madeira em contactos com militantes, nega que alguma vez o anterior governo tenha dado garantias em Bruxelas de que os cortes nos salários da função pública seriam definitivos. As críticas e acusações que chegam do atual executivo e do PS são “levianas” e confundem “conceitos técnicos e difíceis de explicar”.
“Há muita leviandade na maneira como essas críticas são feitas, porque confunde aquele que é o conceito de despesa estrutural com aquilo que são cortes permanentes ou cortes temporários.” A antiga ministra da Agricultura garante que o governo de que fazia parte tinha previsto a devolução gradual dos salários ao mesmo tempo que mantinha a redução da despesa estrutural. Como os salários são despesa estrutural, a redução iria acontecer através das aposentações e do controlo de admissão de novos funcionários, afirma.
O que é, segundo explicou, diferente do que pretende este governo, que devolve os salários sem gradualismo e ainda reduz o horário para 35 horas semanais. “Tudo ao mesmo tempo, sem critério. Provavelmente isso implica um aumento na despesa estrutural. Lamento que isto não seja explicado, são conceitos técnicos difíceis e que podem suscitar explicações erradas e levianas.” E refere que isto foi o que foi dito em Bruxelas, já que Cristas refutou a acusação de que os cortes salariais foram dados como definitivos.
Apesar de dar ainda o benefício da dúvida e esperar pelas clarificações que possam ser feitas na Assembleia da República, o atual esboço do Orçamento não agrada a Assunção Cristas. “O esboço, tal como está desenhado, é muitíssimo preocupante. Não consegue explicar como é que uma despesa que já está certa no orçamento pode vir a ser paga por uma receita que é muito incerta e como é que se faz fé num crescimento económico com aquelas medidas.”
Outra preocupação é também a exposição à dívida pública e aos juros da dívida. A centrista lamenta que este esboço de Orçamento do Estado não tenha uma preocupação de baixar a dívida, o que deixa o país mais exposto a riscos. “Qualquer pessoa que está dependente da dívida fica exposta aos juros mais altos ou mais baixos. Isso é um risco para o nosso país.”
O CDS, lembrou, já sinalizou um aumento de impostos no que se refere à gasolina e ao gasóleo para pagar o aumento da despesa. “Veremos o que é que aparece mais. A verdade é que o crescimento económico que sustenta aquele exercício não parece convencer ninguém em Portugal nem lá fora. Este governo tem decisões para tomar.” Ou dá tudo às esquerdas sem acautelar o crescimento económico e os apoios ao investimento ou então irá tirar daí as consequências, aponta. Assunção Cristas estará lá para ver, conforme prometeu esta segunda-feira no Funchal, onde esteve para contactos com militantes.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt