Cavaco critica governo grego mas ainda espera entendimento de 25ª hora
Presidente da República diz que "entrámos numa área de resultados imprevisíveis"
Presidente da República diz que "entrámos numa área de resultados imprevisíveis"
Redatora Principal
Ainda antes do início de uma reunião do Eurogrupo, esta quinta-feira, que pode ser decisiva para os destinos da Grécia, o Presidente da República português ainda espera que na 25ª hora se alcance um entendimento entre este país e as instituições europeias.
"Isso seria bom para todos os países da União Europeia e não apenas só para Portugal", disse Cavaco Silva na manhã desta quinta-feira, numa conversa com os jornalistas, em Bucareste, alertando ao mesmo tempo para a possibilidade de tal não acontecer. "Entrámos numa área de resultados imprevisíveis", sublinhou.
Colocado perante a questão do alcance político de tal desenlace, o Presidente preferiu evocar as mensagens que lhe foram transmitidas nos encontros políticos com as autoridades nos dois países que visitou - para além da Roménia, também a Bulgária: "A situação na Grécia é muito pior do que antes do atual governo ter tomado posse” e que “a Europa não pode ceder a chantagens, venham elas de fora ou de dentro do seu espaço".
Cavaco Silva manifestou-se preocupado sobre os efeitos da crise grega na Europa e em Portugal, embora tenha referido que eles "podem ser contidos no conjunto da zona euro". Sobre Portugal, especificamente, afirmou que o país "tem reservas de recursos financeiros, que permitem aguentar o país no financiamento do Estado e da economia durante vários meses".
E acrescentou: "Mas a própria União Europeia criou mecanismos de apoio aos Estados em dificuldades, tem mecanismos de supervisão mais fortes do que no passado e o BCE manifesta-se mais aberto do que no passado a apoiar situações financeiras difíceis que alguns países possam atravessar".
Críticas à Grécia
O Presidente foi no entanto bastante crítico em relação à atuação do Governo grego, considerando que foram cometidos erros de natureza diplomática por parte das autoridades deste país, que atribuiu à sua falta de experiência. "Há um modo de negociar e uma linguagem própria", disse.
O chefe do Estado não deixou de salientar a diferença entre Portugal e a Grécia, considerando que o povo português a "percebe bem". E adiantou que "o governo grego foi aprendendo que a realidade é diferente dos sonhos e das promessas em campanha eleitoral, embora os ministros do Eurogrupo considerem que não se adaptou o suficiente para garantir a sustentabilidade da dívida pública".
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