O encontro na manhã desta quarta-feira entre Cavaco Silva e o seu homólogo romeno Klaus Werner Iohannis durou 25 minutos e é de crer que além dos temas oficiais - relações bilaterais, assuntos europeus - tenham ambos trocado pontos de vista sobre a crise política que vive a Roménia, com um primeiro-ministro indiciado por crimes de corrupção e que no fim de semana passado se ausentou para ser operado a um joelho na Turquia.
Seja como for, na hora da conferência de imprensa conjunta nada transpareceu sobre um tema que encontra ecos nos dois países. Às questões dos jornalistas, em português e romeno, os dois Presidentes preferiram o registo oficial. "Nenhuma perturbação atinge esta visita", disse Cavaco Silva, recordando que em visitas oficiais não se comenta a situação interna do outro país.
Mas sublinhou: "Surgiram recentemente indicações de nível europeu de que cada Estado deve fazer esforços especiais para combater a corrupção, envolvendo em particular a participação de agentes políticos, e devemos ver nisso um contributo para reganhar os cidadãos para o projeto europeu. Essas indicações", acrescentou, “são para todos os 28 membros e não para nenhum país europeu em especial".
Quanto ao Presidente romeno, foi ainda mais parco. "A política externa romena é ou vai ficar coerente. Sabemos quem são os amigos, como Portugal, e não existe qualquer perigo na forma de tratamento com os seus amigos e parceiros."
Antes, Klaus Iohannis referira que era "novo no cargo" (desde dezembro de 2014) e reconhecera a necessidade de articulação em matéria de política externa com o primeiro-ministro Victor Ponta, do Partido Social-Democrata. Iohannis é presidente do Partido Liberal e já pediu a demissão do primeiro-ministro, na sequência da revelação dos crimes pelos quais foi indiciado (além da corrupção, branqueamento de capitais e evasão fiscal).
40 mil romenos bem integrados
Ambos os Presidentes referiram o bom relacionamento político e económico entre os dois países, com destaque para a comunidade romena em Portugal, 40 mil pessoas que Cavaco Silva considerou "bem integradas e a contribuir para o desenvolvimento económico" do país.
O Presidente da República referiu ainda que sugeriu ao seu homólogo a possibilidade de adesão da Roménia ao Centro Norte-Sul, com sede em Lisboa, e que a diplomacia portuguesa quer revitalizar como organismo de diálogo europeu sobre migrações e terrorismo.
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