Assassínio de líder político do Hamas antecipa “verão quente no Médio Oriente”
Em dois dias consecutivos foram mortos o líder militar do Hezbollah e o líder político do Hamas. “O perigo de escalada é maior do que nunca”, adverte especialista. Espera-se uma resposta do Irão, assim como do Hamas e do Hezbollah. Neste cenário de caos, Netanyahu “ganha novo fôlego”. Oiça aqui o podcast O Mundo a Seus Pés
Na última noite, pelas quatro da madrugada em Portugal Continental, chegou a notícia da morte de Ismail Haniyeh, o líder político do Hamas. Em comunicado, o grupo islamita palestiniano disse: “o irmão, mártir e combatente morreu em resultado de um ataque traiçoeiro sionista na residência em Teerão, depois de participar na cerimónia de posse do novo Presidente iraniano”. Além de Haniyeh, no ataque aéreo, atribuído a Israel, morreu um dos seus guarda-costas.
O assassínio na capital iraniana ocorreu num momento de alta tensão no Líbano, depois de um ataque israelita na noite de segunda-feira que matou o líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr.
A morte de Haniyeh, considerado um líder moderado e uma peça fundamental nas negociações de paz entre o Hamas e Israel, foi “uma enorme falha de segurança” do Irão, refere Maria João Tomás, professora no ISCTE e comentadora da SIC. O ataque expôs as “fragilidades” do regime dos ayatollahs por ter sido um “ataque externo” no seu território – e agora o Irão quererá responder.
Se a essa resposta se juntar a retaliação expectável do Hamas e do Hezbollah, bem como a possibilidade de Israel entrar no Líbano para prevenir um ataque semelhante ao de 7 de outubro do ano passado, está criado o “barril de pólvora” na região. “O perigo de escalada é enorme, maior do que nunca”, adverte a académica, que antevê “um verão quente no Médio Oriente”.
Quanto às negociações de paz, estão “irremediavelmente perdidas”, prognostica. E “tudo o que acontecer agora vai ser crucial para as eleições americanas” de 5 de novembro. Quem sai a ganhar com tudo isto é o primeiro-ministro israelita, que consegue “um novo fôlego”. Mais: “se isto escalar, será perfeito” para Benjamin Netanyahu.