Há dias que um requiem sinfónico percorre o céu de Madrid com um novo som: o dos sinos que todas as manhãs se afinam nos campanários. Às 7h37 da manhã de 11 de março tentarão afugentar o mal que ficou na memória de todos há 20 anos. Foi o instante em que explodiu a primeira bomba num comboio na estação de Atocha. Passado um minuto, rebentou outra. Segundos mais tarde, um terceiro artefacto deflagrou num vagão estacionado no bairro de Santa Eugenia. Quase ao mesmo tempo, foi detonado o quarto engenho numa carruagem cheia de passageiros noutra zona da periferia madrilena, El Pozo. Madrid ficou derreada, como se lhe tivessem arrancado o coração e continuasse viva, por estranha inércia, para contar até 192 mortos entre ferros retorcidos e socorrer quase dois mil feridos.
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