Israel está a chegar a Rafah. Para onde irão os quase 1,5 milhões de palestinianos que ali se refugiaram?
Rafah é o último reduto para quase um milhão e meio de palestinianos. É nesta pequena cidade do sul de Gaza que estão aqueles que foram fugindo das suas casas no centro e no norte do território, à medida que as forças militares de Israel iam avançado na demanda pela neutralização do Hamas, objetivo impossível. Sob essa premissa, quase tudo foi permitido e a comunidade internacional depara-se agora um dos maiores problemas desta conflito: como exigir a Israel um lugar seguro, realmente seguro, para as pessoas que se refugiam em Rafah. Neste episódio do podcast Mundo a Seus Pés falamos com o professor da Nova School of Law especializado em direito internacional Francisco Pereira Coutinho, e com Alexandre Guerra, consultor de comunicação, e especialista em Relações Internacionais que estudou e viveu na Palestina
A incursão terrestre de Israel na Faixa de Gaza começou pelo norte do território. À medida que avançavam no terreno, as forças militares de Israel foram avisando a população local de que deveria deslocar-se para sul, onde seria seguro. Nunca foi seguro, os bombardeamentos sobre todo o território não pararam em nenhum momento (só no cessar fogo de novembro, que durou uma semana) e as pessoas que levaram a sérios os avisos de Israel e se movimentaram em massa para sul, onde não há comida nem água, não há cuidados médicos nem medicamentos e as casas são tendas ou reentrâncias formadas pelo tetris dos destroços, estão agora concentradas na última cidade antes do Egito: Rafah.
Pelo menos 1.4 milhões de pessoas apinham-se neste último quadrado onde a guerra rua a rua ainda não chegou, mais vai chegar. Israel não apresenta soluções, apesar de, como nos diz neste episódio do Mundo a Seus Pés o professor da Nova School of Law especializado em direito internacional Francisco Pereira Coutinho, ser sua responsabilidade, como potência ocupante, tratar dos civis que residem na zona que está sob sua intervenção militar. O Egito e a Jordânia também se recusam a receber refugiados e as pessoas de Gaza, totalmente fechadas naquela retângulo, “só podem fugir ou para o deserto do Sinai ou pelo Mediterrâneo”, duas opções que “são apenas duas ironias”, explica Alexandre Guerra, especialista em Relações Internacionais que estudou e viveu na Palestina.
Este é mais um episódio do Mundo a Seus Pés, o podcast semanal da secção de internacional do Expresso onde hoje vamos falar das possíveis soluções para o problema das pessoas que se refugiaram em Rafah, mas também dos cortes ao financiamento da agência da ONU para os refugiados palestinianos e por que razão a solução dos dois Estados é hoje pouco mais que uma muleta no discurso diplomático mundial.
A edição técnica deste episódio foi de Salomé Rita e João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é um podcast semanal, moderado, em modelo rotativo, por Hélder Gomes, Pedro Cordeiro, Ana França e Manuela Goucha Soares.
O Mundo a Seus Pés é um programa semanal da editoria internacional do Expresso. A condução do programa é rotativa entre os jornalistas Pedro Cordeiro, Manuela Goucha Soares, Ana França e Hélder Gomes.