O Mundo a Seus Pés

Taiwan consolida a democracia, Macau e Hong Kong vivem numa “escuridão acrescida”. Porque são tão diferentes estes territórios?

Enquanto os habitantes de Taiwan vão em breve dar posse a William Lai, um homem que nunca escondeu a sua desconfiança em relação à China, em Macau e Hong Kong a notícia desta vitória não teve sequer destaque na maioria da imprensa. O que torna estes territórios tão diferentes e como vai a China reagir às eleições em Taiwan? Uma conversa com a autora e investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais Raquel Vaz Pinto e com o advogado Jorge Menezes, residente em Macau. Oiça o podcast O Mundo a Seus Pés

Taiwan consolida a democracia, Macau e Hong Kong vivem numa “escuridão acrescida”. Porque são tão diferentes estes territórios?

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Manifestantes no Tribunal de West Kowloon protestam contra o julgamento de ativistas e jornalistas
Anthony Kwan/Getty Images

As eleições presidenciais em Taiwan, a 13 de janeiro, deram a vitória a William Lai, abertamente cético em relação a uma aproximação à China. No Parlamento os poderes estão mais equilibrados, o que mostra que os taiwaneses não querem declarar nenhuma guerra a Pequim, até porque muito do que é consumido em Taiwan chega do continente e as empresas da ilha exportam para a China cerca de 40% do que produzem. Mesmo assim, a vitória de Lai, após insistentes avisos de Pequim de que uma escolha eleitoral em contraciclo com a fatalidade histórica do lema “uma só China” só iria trazer problemas à ilha, é um claro sinal de STOP às pretensões de Xi Jinping.

Macau e Hong, outros territórios chineses que, por terem sido colónias, gozaram de períodos de relativa abertura democrática durante alguns anos, estão envoltos numa “escuridão acrescida”, na expressão usada por Jorge Menezes, advogado português com residência em Macau, até há pouco tempo colaborador assíduo de meios de comunicação locais, que ficou conhecido por ter defendido 15 candidatos pró-democracia à Assembleia Legislativa de Macau que viram as suas candidaturas bloqueadas por “falta de patriotismo”. Conta neste episódio um pouco daquilo em que se tornou a vida em Macau desde que a China apertou o seu controlo com a implantação da Lei da Segurança Nacional e respetivas represálias a quem se desvia uns centímetros da linha do Partido Comunista.

Para contextualizar todas estas mudanças e para nos explicar quais as leituras futuras que podemos fazer da vitória de Lai e das ações de Xi, convidámos também para o podcast Raquel Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova, com foco especial na região do Indo-Pacífico.

A sonoplastia deste episódio é de João Luís Amorim e a condução do programa coube a Ana França.

O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da secção internacional do Expresso, apresentado de forma rotativa por Hélder Gomes, Pedro Cordeiro, Manuela Goucha Soares e Ana França.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

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