Francisco Correia, diretor-geral da Ancor: “A melhor coisa que nos pode acontecer é termos alguém que nos substitua com mais valor que nós”
Acredita que “é possível amar profundamente os negócios, ter por eles um amor muito grande", mas isso “não pode impedir que a empresa tenha vida própria”. A sua visão da sucessão é o espelho disso: devemos treinar pessoas melhores do que nós para assumir o nosso lugar. Francisco Correia, diretor-geral da fabricante de produtos de papelaria Ancor, é o convidado deste episódio do podcast “O CEO é o limite”
Foi em tempos um jovem inseguro e rebelde que a atual esposa, companheira de uma vida desde os bancos da escola secundária, ajudou a transformar num líder que vê o desenvolvimento dos outros como uma das mais importantes missões de gestão. “A melhor coisa que nos pode acontecer é termos alguém que nos substitua com mais valor do que nós”, aponta.
Francisco Correia, dirige a Ancor, a empresa familiar de base industrial criada há mais de meio século pelos pais, como fabricante de produtos de papelaria. Nasceu e cresceu na “pequena oficina” do Porto, que com o tempo transformou num dos players europeus da papelaria e packaging de luxo, presente em mais de 30 países. Qual o seu segredo? A segurança com que caminha e toma decisões. "Quando damos passos, temos de dar passos seguros, ambiciosos, mas seguros", diz.
Francisco Correia, diretor-geral da Ancor, durante a gravação do podcast "O CEO é o limite"
Matilde Fieschi
Formou-se em Gestão de Empresas e o reconhecimento como melhor aluno do seu curso quase o empurrou para uma carreira académica. A empresa precisava dele e Francisco entrou, sem estatuto nem título, mas com vontade de aprender tudo e disposto a fazer tudo para fazer crescer o negócio da família. Hoje tem a responsabilidade de conduzir a marca Ancor para o futuro, mas também de transformar uma PME familiar numa referência global, sem nunca deixar para trás a alma com que tudo começou.
Liderar, diz Francisco, é ser mentor, inspirar pelo exemplo e, sobretudo, não fugir das tempestades. Ao longo dos anos, foram vários os momentos difíceis que o gestor enfrentou e as decisões critica que foi chamado a tomar. Encara o ónus das decisões com naturalidade, defendendo que "as decisões que temos de tomar são as decisões que melhor defendem a empresa. Às vezes isso vai contra o que melhor me defenderia a mim pessoalmente, mas temos de viver com isso. Faz parte de sermos o líder". E acrescenta: "quando o melhor interesse da empresa está defendido, as pessoas e as famílias estão defendidas".
Cátia Mateus podcast O CEO é o limite
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: