Humor à Primeira Vista

Podcast Humor À Primeira Vista #18 Tiago Dores feat. Dave Chappelle

Nos sketches de Gato Fedorento, Tiago Dores fazia muitas vezes de “choninhas”. Juntamente com Ricardo Araújo Pereira, Miguel Góis e José Diogo Quintela, construiu um império na área do humor, mas Tiago não se juntou ao grupo em “Isto é tudo muito bonito, mas” na TVI, e desde “Gato Fedorento - Esmiúça os Sufrágios”, em 2009, que o quarteto não tem um grande projeto em televisão. Atualmente é cronista no Observador e afasta a hipótese de se juntar a Ricardo Araújo Pereira na sua nova casa – a SIC

Humor À Primeira Vista é um podcast sobre comédia feito em parceria com a rádio da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS FM). O estudante de jornalismo e grande fã de stand-up Gustavo Carvalho convida humoristas portugueses para falarem sobre os seus mestres e referências no mundo do Humor. Há paixões comuns. Há palavras em inglês. Há decisões difíceis. Há uma boa probabilidade de ambos serem demasiado viciados no tema e de que a conversa se estenda para além do suposto. Há perguntas sobre comédia. Há respostas. Sorriem... Podia ser amor, mas é Humor À Primeira Vista.

Ricardo Araújo Pereira e a equipa de "Gente Que Não Sabe Estar" foi contratada recentemente pela SIC. É desta que te vais juntar ao grupo?
Não, não vou, porque em equipa que ganha não se mexe.

Mas o Ricardo convidou-te?
É muito recente. Neste processo não. Não tínhamos falado sobre isso. Mas é como te digo, em equipa que ganha não se mexe e é para avançarem com força. Vai ser espetacular.

Achas que não vai surgir o convite?
Não sei, não sei, acho que o plantel está fechado. A janela de mercado entretanto fecha.

Já não fazem um programa enquanto Gato Fedorento desde 2009, o "Esmiúça os Sufrágios". Mas o último projeto de todos até foi um especial chamado "A Solução".
E foi um bocado bizarro...

Mas acaba por ser o último projeto oficial de Gato Fedorento. Não achas que deviam corrigir isso?
Realmente, fechámos com chave de ouro. Na altura pareceu-nos que um formato que fosse basicamente a inexistência de um formato podia ser um caminho. Ou seja, uma espécie de acontecimento, digamos assim. Acontecimentos televisivos.

A ideia era terem existido mais?
Pareceu-nos poder encaixar numa lógica desse género, mesmo sem a perspetiva de ideias de coisas idênticas. Surpreendentemente acho que o pessoal achou normalíssimo nós estarmos a filmar com o Steven Seagal. Epá, foi muito frustrante nesse aspeto. Aquilo para nós foi uma aventura.

Numa entrevista à Prova Oral, o Miguel Góis revelou que já tinham pensado fazer um filme. Na altura ainda não tinham tido uma ideia de que todos gostassem. Já pensaram nisso?
Foi uma coisa da qual sempre falámos, sim. Só que um filme é uma coisa pesada de se fazer. Vamos lá ver, eu não quero parecer um velhinho, mas ainda assim há 15 anos falar-se de fazer um filme tinha um peso um bocadinho diferente. Tem uma parte menos interessante que é o facto de representar nunca ter sido o nosso forte.

Mas internamente ainda discutem isso? Ainda se costumam juntar frequentemente?
Não, frequentemente não nos temos juntado, portanto é um assunto ao qual já não regressamos há muito muito tempo. Mas ao longo do percurso Gato Fedorento sempre foi uma ideia que tivemos para mais tarde, eventualmente.

Lembras-te de alguma ideia para um sketch que tenhas sido tu a sugerir?
Tenho ideia de que o sketch dos indivíduos que salvam o amigo da homossexualidade, em que entra o forcado que é o Zé Diogo. Estão três amigos à conversa e dois deles reparam que o outro está a falar sobre decoração de interiores. Esse sketch em particular demorou meses a escrever porque havia a ideia original disparatadíssima, nem sei de onde surgiu, de salvar o amigo da homossexualidade. A ideia ficou: "Era giro fazermos alguma coisa com isto, mas o quê?" Lembro-me de que andámos à volta disto um tempo infindável até que surgiu a ideia do forcado. Já não me lembro quem é que a teve, mas sei que não fui eu. É um daqueles sketches em que ao fim de tanto tempo, tinham existido tantas ideias para aquilo, que às tantas era impossível perceber quem é que se tinha lembrado do quê - e na generalidade dos casos era isso que acontecia. Deve ter sido o que aconteceu, por exemplo, com o sketch do lusco-fusco. Foi só porque achávamos piada à palavra lusco-fusco.

Hoje trouxeste Dave Chappelle. É curioso porque o teu registo Gato Fedorento é completamente diferente do adotado pelo comediante americano. Porquê Dave Chappelle?
Sim, nem sou um profundo conhecedor nem nunca fiz stand-up comedy. Acho que precisava de uma de duas coisas, ou as duas: ter um grande texto ou ter uma grande lata. Eu não tenho nem uma coisa nem outra.

Não tens um grande texto?
Acho que não. Nunca achei que tivesse um texto suficientemente bom que compensasse a falta de lata e coragem. O facto de ter escolhido o Dave Chappelle tem que ver com o texto dele, que acho excelente, e com a pose do gajo. Adoro o registo. Adoro, adoro. Não gosto tanto de outros stand-up comedians, porque acho o registo demasiado histriónico.

DIOGO VENTURA/ESCS FM

Humor À Primeira Vista é um podcast sobre comédia feito em parceria com a rádio da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS FM) e pode segui-lo nas redes Facebook e Instagram.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: gcarvalho@impresa.pt

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