André Santos: “Fui para veterinário porque gosto de animais, claro, mas a profissão tem um lado negro, tem mais suicídios a nivel mundial”
Sempre quis ser veterinário, ainda jogou mas deixou o desporto quando entrou na faculdade. Tornou-se o “famoso veterinário português” graças às redes sociais e gosta de mostrar que os animais também fazem TAC ou ressonâncias e que a medicina veterinária não está assim tão atrasada. André Santos é o convidado do Geração 80. Em 12 anos de profissão já viu muita coisa e partilha a sua experiência nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão: “por muitos mais anos que tenhamos de profissão nunca nos vamos habituar a perder um paciente”
Nasceu em março de 1988, em Lisboa. Cresceu e viveu na Amadora, mas estudou na Escola Salesiana de Campo de Ourique. Sempre quis ser veterinário. Em criança a família tinha um “poodlezinho” que cresceu com ele.
Faz desporto desde pequeno, com 9 anos começou a jogar ténis, na Parede. Deixou o desporto quando entrou para a Faculdade, pelo caminho encontrou o paddle, faz (ou tenta) fazer meditação e há dois anos regressou à paixão de infância.
“O desporto sempre esteve presente na minha vida, muito por incentivo dos meus pais. E foi muito bom porque quando era miúdo não tinha uma alimentação saudável, pesava mais 15kg”, conta.
Para este podcast trouxe uma raquete de ténis para recordar os tempos em que competia e trouxe também a Azeitona, a sua cadela, que dormiu em praticamente toda a entrevista.
Tirou o curso e fez o mestrado em medicina veterinária na Universidade Lusófona. É veterinário cardiologista há doze anos e trabalha no hospital do Restelo há oito. Nos últimos anos tornou-se o “famoso veterinário português” com cerca de 400 mil seguidores nas redes sociais.
Começou por partilhar o dia-a-dia com quem o segue e deixar dicas para os donos lidarem com os seus animais, mas o objetivo da página é informar e dar a conhecer a profissão. E foi o que fez nesta conversa conduzida por Francisco Pedro Balsemão.
Nunca sabe bem que paciente lhe vai calhar na agenda e tem muitos episódios, alguns insólitos, para contar. Já recebeu um cão que tinha comido 11 preservativos e um bulldog francês que tinha engolido “quase 15 euros em moedas de 10 e 20 cêntimos”, recorda, assegurando que tudo foi removido.
Durante anos o acesso à medicina veterinária não foi igual para todos. “Ou tinhas ou não tinhas dinheiro para tratar dos animais”, enfatiza.. Agora é diferente, muito por causa dos seguros. Gosta de provar e mostrar que a medicina veterinária não está “cinco, seis anos atrás”, que os animais também fazem TAC, ressonâncias, e que há especialistas em dermatologia ou cirurgia.
Admite que ser veterinário tem um “lado negro” e alerta para a falta de atenção para a saúde mental. É uma profissão “dura” e não é “fácil” lidar com os donos. “É difícil dar más notícias. Lidar com a eutanásia leva-nos para buracos e por muitos mais anos que tenhamos de profissão nunca nos vamos habituar a perder um paciente”, sublinha.
Não sabe se vai ser veterinário a vida toda, mas sabe que estará para sempre ligado aos animais. André Santos é o convidado do novo episódio do Geração 80. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.