António Guterres: “Ser Alto Comissário para os Refugiados é muito melhor do que ser primeiro-ministro ou Secretário-Geral da ONU”
Em entrevista a Francisco Pinto Balsemão, o secretário-geral das Nações Unidas fala sobre o atual contexto de guerra na Europa e as reformas que a ONU precisa de implementar, mas vai mais longe, até ao tempo em que era um jovem estudante interessado em Física. Oiça o penúltimo episódio do podcast Deixar o Mundo Melhor, a caminho da celebração dos 50 anos do Expresso (a 6 de janeiro de 2023)
Nasceu em Lisboa a 30 de abril de 1949, aprendeu a ler antes de entrar para a escola, matriculou-se no Instituto Superior Técnico decidido a ser investigador em Física, mas abandonou esse sonho no final da década de 60 do século passado com o trabalho de "ação social em três bairros da Alta de Lisboa - Valeira, Calçada e Bacalhau. Foi um choque profundo constatar níveis de miséria chocantes. Essa experiência criou-me um sentido de obrigação moral, depois de ver que uma parte substancial da população do país vivia em condições horríveis. Senti que poderia ser mais útil a fazer outras coisas. Foi assim que fiz a viragem para a política".
Filiou-se no Partido Socialista poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, e foi um grande organizador de manifestações nos tempos do PREC: "Aparecíamos às 17h00 junto à estação do Rossio, tapávamos a ligação entre o Rossio e os Restauradores, o pessoal começava a acumular-se para poder ir para o Metro ou para a estação, e nós começávamos a fazer discursos com megafones, a dizer que os comunistas iam fazer isto ou aquilo, e que era preciso irmos todos a Belém". Depois disso foi deputado, secretário-geral do Partido Socialista, primeiro-ministro, presidente da Internacional Socialista, Alto-Comissário para os Refugiados e Secretário-Geral das Nações Unidas, entre outros cargos.
Católico, humanista, António Guterres, diz que ser Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados lhe permitiu "estar permanentemente em contacto com o terreno, ir aos pontos onde as pessoas estão em situações terríveis, tomar decisões que se traduzem em vidas salvas, crianças nas escolas, resposta a surtos de fome". "A única parte do meu futuro que me preocupa é acabar este mandato não apenas evitando o pior, mas tentando lançar as bases para que seja possível um multilateralismo mais eficaz do que aquele que temos hoje", abrindo assim o caminho para a paz e o fim da guerra.
Francisco Pinto Balsemão lança o podcast “Deixar o Mundo Melhor” para assinalar o início das comemorações dos 50 anos do Expresso. Durante 50 semanas, e em contagem decrescente para o dia de aniversário a 6 de janeiro de 2023, o fundador e primeiro diretor do jornal entrevista 50 personalidades marcantes dos mais diversos sectores da sociedade.
Com música original de Luís Tinoco, a sonoplastia é de Joana Beleza e João Luís Amorim, o vídeo e a edição de José Cedovim Pinto, Carlos Paes e Rúben Tiago Pereira. A transcrição é de Joana Henriques e o apoio à edição de Manuela Goucha Soares. Imagem gráfica de Marco Grieco e produção de Margarida Gil.
“Deixar o Mundo Melhor” pode ser ouvido no site do Expresso e em qualquer plataforma de podcasts. Também pode ler uma versão sintética desta conversa na revista do Expresso de 23 de dezembro. Oiça aqui os outros episódios:
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