Poucos minutos depois de o ministro das Finanças ter levado a pen com o Orçamento do Estado ao presidente da Assembleia da República, André Ventura acusou Luís Montenegro de “traição à direita” em declarações aos jornalistas, mas admitiu revogar a sua decisão “irrevogável” no sentido de o Chega votar contra o Orçamento do Estado. Ao fim da tarde desta quinta-feira, o líder da direita radical abriu uma janela para a viabilização do OE25 à direita, tornando pública uma carta oficializando a posição pública que acabara de tomar: nessa mensagem ao primeiro-ministro, instou Montenegro, “por forma a evitar uma nova crise política”, a “refazer a proposta de Orçamento do Estado”. E garantiu que faria uma revelação na entrevista que daria à TVI/CNN ao serão.
À noite, cumpriu a promessa. André Ventura disse na CNN que Luís Montenegro mentiu e que atravessou a linha vermelha do “não é não”, traçada na campanha eleitoral: "O primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega, frente a frente com o primeiro-ministro, o mesmo primeiro-ministro que foi à televisão dizer que nós não somos confiáveis (...) e propôs-nos um acordo para este ano”, acusou.
O líder do Chega foi mesmo mais longe, afirmando que Montenegro estava disposto a integrar o partido da direita radical no Governo como parte de um acordo para o Orçamento do Estado, tal como André Ventura exigia em março, logo depois das eleições. “Sabe porque é que esse acordo não foi aceite?”, perguntou Ventura. "Porque nós temos palavra. Eu disse desde o início que ou havia um acordo a quatro anos (...) ou nós não aceitaríamos. O mesmo primeiro-ministro que estava disposto a que, mais para a frente, o Chega viesse a integrar o Governo".
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