No ano passado, quando apresentou o seu primeiro Orçamento do Estado enquanto ministro, João Leão afastava-se dos orçamentos austeritários de Passos Coelho e fugia do rótulo de orçamentos expansionistas em demasia de José Sócrates. Mas tinha a chancela da pandemia por cima, tudo o que gastasse a mais não seria contabilizado para as suas "contas certas". No ano em que vai ter de voltar a fazer as contas ao défice e (mais importante) à dívida, Leão deixa-se entusiasmar nas palavras - vendendo para a esquerda um Orçamento expansionista que "dá o maior impulso macroeconómico de sempre" -, mas acaba por deixar escapar a sua verdadeira preocupação, a mudança de política do Banco Central Europeu. E é esse o argumento para que o expansionismo propalado seja contido, uma repetição da obra de Mário Centeno, assente na consolidação por via do aumento do PIB.
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