Orçamento do Estado

Leão mantém meta de défice de 3,2% do PIB e ‘gasta’ €1032 milhões

João Leão tem para resolver efeitos da legislação criada pelo Governo de Passos Coelho
João Leão tem para resolver efeitos da legislação criada pelo Governo de Passos Coelho
António Pedro Ferreira

Apesar da revisão do PIB e de um saldo de partida em 2021 mais baixo que o esperado, o ministro das Finanças não altera objetivo para 2022. E assim consegue acomodar várias medidas com impacto orçamental, como aumentos de salários e pensões ou a revisão do IRS.

Leão mantém meta de défice de 3,2% do PIB e ‘gasta’ €1032 milhões

João Silvestre

Editor Executivo

Tal como já se esperava e tinha sido apresentado aos partidos durante a semana passada, o Governo decidiu manter a meta de défice de 3,2% do PIB para o próximo ano. O valor tinha sido inscrito no Programa de Estabilidade 2021-2025 enviado a Bruxelas em abril passado e mantém-se apesar do maior ritmo de crescimento do PIB e, sabemos agora, de um saldo este ano duas décimas inferior ao projetado que era de 4,5%.

João Leão consegue assim margem para adotar várias medidas com impacto orçamental sem se desviar do objetivo fixado. Ao todo, de acordo com o Orçamento do Estado entregue esta segunda-feira na Assembleia da República, as principais medidas para 2022 custam 1032 milhões de euros, entre perdas de receita e aumento de despesa. Qualquer coisa como 0,5% do PIB que, a não existir, permitiria a Portugal conseguir já um défice inferior a 3% do PIB no próximo ano.

Este valor inclui o efeito do Plano de Recuperação e Resiliência, com impacto do lado da receita (3035 milhões de euros) e da despesa (3203 milhões de euros), mas também as alterações no IRS (205 milhões de euros), o incentivo fiscal à recuperação (150 milhões de euros), a atualização salarial no Estado (310 milhões de euros) ou o aumento extraordinário das pensões (76 milhões de euros).

A redução do défice de 4,3% para 3,2% no próximo ano, refere o ministério das Finanças, “reflete a retoma da trajetória de crescimento da economia após o forte impacto da crise pandémica com efeitos muito severos em 2020 e com o início da recuperação verificado em 2021”. E acrescenta que o “défice esperado para 2022 traduz a recuperação da receita por via do crescimento da economia, impulsionado também pelos projetos a concretizar no âmbito do PRR e a redução da despesa com medidas de apoio à saúde, ao emprego e ao rendimento associadas aos efeitos provocados pela crise pandémica”.

A melhoria de 1,1 pontos percentuais do défice em 2022 resultará de uma descida de 1,2 pontos na receita total e de 2,4 pontos na despesa – a soma não dá 1,1 pontos devido aos arredondamentos. A receita fiscal baixa de 24,5% para 24% do PIB e as contribuições sociais de 12,7% para 12,4% do PIB.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JSilvestre@expresso.impresa.pt

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