Sir John Richardson (1924-2019)
Colecionador e biógrafo de Picasso, íntimo de artistas como Warhol, vivia nos EUA em duas casas repletas de obras de arte
Colecionador e biógrafo de Picasso, íntimo de artistas como Warhol, vivia nos EUA em duas casas repletas de obras de arte
John Patrick Richardson (o Sir chegara em 2012 quando a rainha Isabel II o armara Cavaleiro da Ordem do Império Britânico, pouco mais de um século depois de o rei Eduardo VII, seu bisavô, ter armado Cavaleiro Wodehouse Richardson, antigo quarteleiro na guerra dos boers e fundador dos grandes armazéns Army & Navy, seu pai, que casara aos 70 anos, morrera quando John tinha 5 e lhe faltara todos os dias da sua longa vida, dizia este), que morreu em Nova Iorque para onde se mudara há quase 60 anos, em parte porque o mundo das artes lhe parecia mais interessante lá e em parte para escapar a amante incómodo e vingativo (denunciou-o às autoridades americanas por ser homossexual, o que nessa altura poderia impedir que lhe dessem visto, mas um bom advogado fizera gorar essa perversidade ciumenta), onde se sentia como peixe na água, dividindo o seu tempo entre grande sótão em Manhattan e mansão em Connecticut, ambos recuperados e decorados por ele, cheios de arte moderna e antiga, incluindo alguns Picassos que foi vendendo a pouco e pouco, e bric-à-brac variado das sete partidas do mundo, do qual constava um pénis de baleia com dois metros, sendo ambas as residências prodígios de bom gosto opulento, frequentadas por artistas locais — Warhol tornou-se um íntimo; Richardson proferiria o ‘Elogio’ em Memorial em St. Patrick — nas quais se recolhia a escrever, tendo posto cobro ao trabalho de organizador de exposições: fizera uma de Picasso, espalhada por nove galerias nova-iorquinas diferentes, com sucesso geral e também dos críticos e historiadores de arte mais exigentes; abrira a sucursal em Nova Iorque do leiloeiro de arte londrino Christie’s; mais tarde trabalhara com a galeria M. Knoedler & C, as galerias Gagosian e uma empresa de investimentos artísticos; escrevia para “The New York Review of Books” e para “The New Yorker” mas, finalmente fechara-se em casa com colaboradores para se dedicar apenas à conclusão do quarto volume da sua magistral biografia de Picasso. Falhou por pouco: concluído pelos seus colaboradores, o livro deverá sair até ao fim deste ano.
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