Sei que estabeleço relações emocionais com objetos. Com sapatos e malas de mão. Com automóveis
Quase todos os dias leio notícias sobre a evolução dos androides na imprensa séria. O conhecimento supremo da inteligência artificial. O perigo de sermos substituídos por existências pós-humanas. A possibilidade de os androides nos superarem é real, mas sossegamo-nos declarando que um androide não tem alma nem sensibilidade, logo nunca nos poderá substituir inteiramente. Um androide pode ser programado para executar tarefas que nos sirvam, mas não poderá ligar-se a nós por emoções, afirmamos. Quando leio os argumentos, tendo a pensar que colocar este assunto do lado do androide é ignorância pura. Não pensemos tanto na relação que o androide consegue criar connosco, mas na que nós conseguiremos estabelecer com ele para comunicar connosco. Somos os seus criadores. Criamos o que nos lê, o que nos ultrapassa e vence. Nunca seremos super-homens, mas poderemos conceber superandroides. Está em curso. Lembro o filme “2001 Odisseia no Espaço”, realizado em 1968 por Stanley Kubrick. Um computador com ideias próprias. Capaz de desobedecer e trair. Recentemente li que o Gemini andou deprimido, frustrado consigo. Vou apanhando informação que confirma o meu pensamento sobre as futuras “relações reais”, satisfatórias ou não, que estabeleceremos com os androides.
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