Exclusivo

Opinião

Os meios de conspiração social

Quando políticos tão diferentes se queixam do mesmo suposto inimigo, ficamos com a ideia de que são paranóicos com a mania da perseguição

Todos os que têm dirigido a sua solidariedade para quem perdeu casa e outros bens nos incêndios deviam pensar melhor. Estão a esquecer a principal vítima do fogo, que é Luís Montenegro. No Algarve, o primeiro-ministro queixou-se das estações de televisão, que estavam naquele dia a “preencher ecrãs com metade da imagem com labaredas e outra metade com a Festa do Pontal”. Pretendia com isso dizer que a comunicação social tinha o objectivo maldoso e pouco subtil de mostrar que, enquanto parte do país ardia, vários membros do Governo estavam reunidos numa festa. Infelizmente, Montenegro ficou-se pela crítica, e não deu sugestões aos jornalistas acerca do modo como deviam noticiar dois acontecimentos que estavam, de facto, a ocorrer ao mesmo tempo. Talvez devessem mostrar apenas as labaredas. Ou mostrar apenas a Festa do Pontal. Ou mostrar as labaredas, depois mostrar outra coisa qualquer, e depois então mostrar a Festa do Pontal. Entre as imagens das labaredas e as da festa do PSD, uma reportagem que fizesse o papel que aquele gelado de limão desempenha nas refeições compridas, para limpar o palato entre um prato e outro. Talvez pudesse ser mesmo uma reportagem sobre gelados de limão, para garantir que o palato fica limpo e que ninguém associa as imagens do fogo às imagens da festa.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate