Hoje, pagamos de forma pouco transparente, através de contribuições nacionais. Com impostos europeus, pagaríamos de forma transparente
Em 2012 apresentei, a pedido do Parlamento Europeu, estudo analisando a resposta europeia à crise das dividas soberanas e com várias propostas para o futuro. Uma dessas propostas era a alteração da forma de financiamento do orçamento da União, com a introdução de novos recursos próprios (em linguagem comum: impostos europeus). Quando apresentei esse estudo alguém que defendia uma solução assente na mutualização das dividas nacionais, qualificou essa proposta como irrealista. Respondi que se havia tempo para discutir a proposta irrealista dele, também poderíamos dedicar algum a discutir a minha. Quem trabalha em integração europeia sabe da importância de apresentar propostas impossíveis. O tempo e a realidade vão acabar por conduzir a que uma dessas propostas impossíveis passe a ter de ser possível. O mesmo complexo contexto político europeu que faz com que propostas óbvias não sejam viáveis num determinado momento, pode, noutro momento, tornar indispensável uma dessas propostas. Grande parte das reformas mais significativas da União não surgiram do nada, estavam lá há anos, na “prateleira das propostas irrealistas”.
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