Há, na exposição do outro, uma forma primitiva de poder. Ver sem ser visto, julgar sem se comprometer, nomear sem ser nomeado. O voyeurismo é, mais do que uma perversão, uma arquitetura do olhar. Um modo de estar no mundo. Ver o outro cair é uma experiência de alívio: confirma que não somos nós. Que, por enquanto, ainda não somos nós
Dizem que toda a comédia é uma tragédia a uma distância segura. Talvez por isso nos tenhamos rido – em ecrãs pequenos e com grande convicção – quando dois adultos, casados mas não entre si, foram apanhados num abraço durante um concerto dos Coldplay. A câmara focou-os. Sorriram. Recuaram, fugiram. Chris Martin, atento à coreografia, comentou: “Ou estão a ter um caso, ou…”
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