A empatia não nasce no coração, mas sim na cabeça. As pessoas criticaram Ronaldo para mostrar a pureza da sua emoção. Mostraram a pureza da sua intolerância
No romance “Pátria”, Aramburu coloca uma personagem, a filha, a reagir à morte do pai através de um caminho heterodoxo e, para muitos, herético: sexo. Não, não é herético, a morte e o sexo não querem é saber das convenções sociais, a verdade atravessa a bullshit. Percebe-se muito bem porque é que ela senta o luto na sela sexual e preso numa camisa de força: precisa de um prazer forte para deixar a dor dormente; há quem procure a garrafa, há quem procure um nariz cheio de um pó branco que não é bem farinha, ela procura o orgasmo como escape para o indizível; o sexo é um biombo ou uma máquina do tempo que suspende a morte; depois, também não vai ao funeral, a negação é a sua sobrevivência moral através daquilo que os outros podem classificar de devassidão. Os outros que esperem, são irrelevantes perante o abismo.
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