Exclusivo

Opinião

O outro

O outro

José Gameiro

Psiquiatra e piloto

A ideia de ser o outro não existia dentro de mim. Queria lá saber se era o principal ou o outro

É muito difícil ter sempre sentido que sou o outro. Quando conheci a Maria e começámos a namorar, sabia perfeitamente que ela era casada, tinha uma família, mas estava apaixonada por mim. Também sabia que o casamento dela estava longe de ser catastrófico, pelo contrário, era calmo, solidário na educação dos filhos, equilibrado na autonomia que cada um tinha, sem desconfianças ou controles. O início foi tão forte que raramente me lembrava que existia um Pedro, de quem aliás não falávamos. Aceitava sem problema a disponibilidade e a indisponibilidade dela, sempre me coloquei no lugar de quem não a tinha em pleno. A ideia de ser o outro, não existia dentro de mim. Queria lá saber se era o principal ou o outro. Também eu tinha a minha vida, já estava divorciado, mas com os meus filhos, precisava de espaço e de tempo, para eles e para mim.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate