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Opinião

É a hora da verdade

Se eu pudesse mudar as mentalidades, mudar de políticas públicas, concentrar-me-ia naquilo que entendo serem os principais problemas de Portugal: a desertificação do interior, o envelhecimento populacional e a falta de competitividadeda economia

Primeiro que tudo é preciso estabelecer o que se entende por “reforma do Estado”, o nome do novo Ministério. Se é para ser uma agenda para a simplificação da forma como o Estado português, a sua Administração Pública, trata os cidadãos, essa é uma medida urgente, necessária e justa. É urgente, necessário e justo que se inverta a regra em vigor: não são os cidadãos que têm de pedir, suplicar ou desesperar na espera para que o Estado cumpra as suas obrigações para com eles; é o Estado que tem de justificar e mostrar por que cobra impostos para sustentar uma máquina destinada a prestar esses serviços. O que agora temos está muito próximo daquilo a que podemos chamar um Estado falhado, mas que pagamos como se o não fosse. Aí é que Montenegro tem de começar já a mostrar que tem a coragem necessária para a tarefa. A extrema-esquerda em bloco já saltou, indignada e ofendida, contra a consumação de qualquer reforma do Estado, vista como uma ameaça ao maravilhoso estado das coisas: maternidades fechadas, listas de espera intermináveis para cirurgias no SNS, enquanto um médico pode ganhar 50 mil euros num dia para supostamente ajudar a resolvê-las, anos em tribunais para conseguir uma sentença, um calvário interminável para os imigrantes se legalizarem ou os turistas passarem a fronteira, num país que precisa de imigrantes para trabalhar e turistas para deixarem divisas como precisa de ar para respirar. A esses defensores da mediocridade dos serviços públicos é preciso mandá-los bugiar. E a outros deve dizer-lhes, sem medo, que as regras do jogo vão mudar. Como à Fenprof, que, logo no dia seguinte à tomada de posse do Governo, já estava a ameaçar com uma reentrada de aulas tumultuosa se não satisfizessem as suas reivindicações de melhores salários, progressões mais rápidas na carreira, menos trabalho para evitar o burnout (a palavra da moda) dos professores com três meses de férias por ano ou o fim das avaliações “punitivas e não formativas” (isto é, todos classificados com Bom ou Muito bom).

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