Quando alguém diz que não é de esquerda nem de direita, isso significa que é de direita
Q
uando Gouveia e Melo diz que, como Presidente da República, usará da palavra com substância, ele não está, curiosamente, a dizer nada de substancial. Dizer “eu vou seduzir-te”, como sabemos, não seduz; e declarar “vou agora influenciar-te”, infelizmente, não atinge o propósito de influenciar. Do mesmo modo, anunciar que se vai usar da palavra com substância não se consubstancia em coisa nenhuma. É o mesmo que prometer: “Eu vou falar muito bem.” Os outros podem acreditar ou duvidar de que a promessa seja verdadeira. Ela só se concretiza se, no futuro, formos capazes de falar muito bem. Em todo o caso, não há dúvida de que usar da palavra com substância é uma ideia melhor do que usar da palavra sem substância. E, por isso, é improvável que outros candidatos estejam interessados em sugerir um modelo diferente. “Prometo falar à balda e dizer inconsequências” é uma proposta que, creio, continuará a não ser formulada.
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