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Opinião

Recordações de um certo outono

Recordações de um certo outono

Francisco Assis

Eurodeputado do PS

É verdade que há uma reflexão a fazer. Se quisermos ser sérios essa reflexão deve remontar, pelo menos, até 2015

Regressemos ao outono de 2015: contra quase todas as expectativas, depois dos 4 longos anos da famigerada cura de austeridade promovida por um Governo de direita democrática, o PS perdeu clamorosamente a disputa pelo eleitorado central e quedou-se num inesperado segundo lugar, bem atrás da coligação PSD-CDS. Na noite das eleições o país adormeceu na convicção de que Pedro Passos Coelho continuaria a ser primeiro-ministro. Confesso que eu próprio me convenci de que assim seria. Estávamos, porém, enganados. Nos dias seguintes, foi-se delineando a solução alternativa que haveria de consumar-se sob a bizarra designação de “geringonça”. Lembro-me bem da vertigem desses dias. Os que me ligavam na véspera indignados com tal hipótese, empenhavam-se no dia seguinte em explicar-me as inquestionáveis vantagens da mesma. Alguns transitaram diretamente da indignação para o governo. Fomos poucos os que não sucumbimos, nem à tentação do poder, nem à tentação da justificação ético-política do que nos parecia ser uma grave ofensa a uma regra não escrita, que até então havia vigorado na democracia portuguesa: quem fica em primeiro lugar nas eleições obtém o direito e a obrigação de governar.

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