Transferindo para o PSD toda a responsabilidade por vetar o Chega, P.N.S. ficou na posição hipócrita e confortável de nada ter de fazer para deter a peste negra. Interessou-lhe mais conquistar o poder ao PSD do que defender o regime democrático contra a ameaça do Chega
Toda a gente sabe que há um milhão de eleitores flutuantes naquilo a que chamamos o Bloco Central e que ora votam PSD ora PS — eventualmente e ultimamente, alguns votam nas respectivas margens, IL ou Livre. Mas o grosso deles alterna o voto invariavelmente entre os dois partidos principais do horrível “sistema” — leia-se, a democracia. Este milhão de eleitores são, simultaneamente, os fazedores de governos e os garantes do essencial: a preservação da democracia, o financiamento do Estado, uma réstia de competitividade na economia do país. Avançar contra eles, desafiar o seu desejo de estabilidade, ignorar a sua vontade é caminho certo para que um daqueles partidos fique arredado do poder. Por isso, PS e PSD concentram-se tradicionalmente em propor programas que se afastem da demagogia pronta a servir dos outros e a escolher líderes que os seus eleitores reconheçam como intérpretes confiáveis. Quando o não fazem só podem esperar problemas.
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