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Opinião

Um debate ou uma competição?

Os candidatos não são escrutinados, mas pontuados. Aos comentadores não se pede que avaliem as qualidades das propostas apresentadas, mas a eficácia com que são defendidas

Num certo momento, no canto direito de um canal de notícias que transmitia um excerto do debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, apareceu: “Imagens Sport TV.” Inadvertidamente, a metáfora estava feita sobre a forma como os debates parecem ser hoje encarados: não um debate para escrutinar e confrontar as propostas dos candidatos, mas uma competição em que, mais importante do que saber o que defendem, é saber se ganharam ou perderam. Os candidatos preocupam-se tanto com a perceção desse resultado que agora até temos as conferências de imprensa pós-debate para tentarem convencer quem assistiu do resultado daquilo a que assistiram... Sempre houve um pouco disso, mas nunca tanto como hoje. Não se debatem as ideias apresentadas, mas quem ganhou e quem perdeu. Os candidatos não são escrutinados, mas pontuados. Aos comentadores não se pede que avaliem as qualidades das propostas apresentadas, mas a eficácia com que são defendidas. Uma tendência recente é até aquela de ter cada vez menos especialistas nas políticas discutidas e mais especialistas em comunicação política. Não faz sentido culpar nem os media nem os políticos. Isto tem sobretudo a ver com aquilo em que a política se transformou. Sobre o porquê já aqui escrevi algumas vezes, mas as consequências para os debates são claras. Há menos substância, menos risco e logo menos diferenças.

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