Ser homem é acordar às 4 da manhã

Há umas semanas, um vídeo fez furor no TikTok e no Instagram. Quando digo fez furor, é para ser levado a sério. Em três semanas, tinha mil milhões de visualizações. E em que consistia? Na suposta rotina matinal de um latagão de vinte e poucos anos, até meio da manhã. Aquilo era uma coisa ridícula e parva. Mas foi por tocar num nervo, por ser uma caricatura involuntária, que acabou por ter aquele sucesso global. Ashton Hall, um alegado personal trainer, supostamente cheio de guito, a viver numa penthouse magnífica, acorda às 3h56 e mostra como se ocupa até às 9 da manhã. Durante 5 horas, exibe a sua higiene íntima, tira a fita da boca (com que dormiu), mostra a água que bebe, corre na passadeira, faz ginásio, reza, escreve um diário, submerge várias vezes a cara em água mineral gelada, dá um mergulho na piscina, come uma banana, esfrega a casca na cara, veste um fato, coloca um Rolex de ouro cujas horas não batem com o que o vídeo alega, aparentemente faz uma chamada no Zoom, um braço feminino serve-lhe uma omelete... e, entretanto, são 9h36.