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Opinião

Homens temporariamente sós

Homens temporariamente sós

Rodrigo Guedes de Carvalho

Jornalista e escritor

Aprendi muito cedo que nunca deveria recear uma palavra que pede apenas uma igualdade total e irrepreensível de género

Tomo emprestado o nome de uma canção do GNR que arranca com uma bela quadra: “Prometo não falar de amor, portanto não vou lidar com amar e mentir, joga-se pelo prazer de jogar e até perder, invadem-se espaços, trocam-se beijos sem escolher.” Julgo que o Rui Reininho se limitava a homenagear os rapazolas trapalhões que procuravam por aí o amor nas capelinhas da juventude, entre festas de garagem e paixonetas frustradas. Nada de mais. Mas, lido hoje, aquele “invadem-se espaços” levantará alertas a alguém. Depois recordo Jean Cocteau, que disse que Ava Gardner era “o mais belo animal do mundo”. Aprecie-se mais ou menos a imagem, sempre foi entendido como poético elogio. Hoje? Duvido. Alguém lerá na frase machismo tóxico que reduz a mulher a condição de bicho.

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