Não se defende. Ensaia-se. Ocupa o centro da narrativa com a serenidade de quem está habituado a ser o sujeito da análise — nunca o objecto. Apresenta-se como caso de estudo, enquanto reduz as mulheres que o acusam a notas de rodapé de uma teoria qualquer. São sintomas de uma época, consequências do neoliberalismo, fragmentos colaterais de uma máquina que o quis destruir porque ele pensa demasiado. Porque incomoda. Porque é citado
Não foi a acusação que surpreendeu. Foi a resposta.
Boaventura Sousa Santos foi acusado de assédio sexual por várias mulheres ligadas ao Centro de Estudos Sociais, instituição que fundou e onde construiu um dos legados intelectuais mais influentes do país. A acusação — feita em abril de 2023, confirmada em padrões de comportamento por uma comissão independente — era grave. O impacto, profundo. Mas nada foi tão revelador como a entrevista que deu este fim de semana à CNN Portugal.
Não pelo que nega. Mas pelo que revela enquanto nega.
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