Se estiver a ler esta crónica num café rodeado de vizinhos, tenha a noção de uma coisa: você é muito feliz, tenha ou não noção disso
É uma ideia, ou talvez seja um suspiro nostálgico: a sociedade democrática e liberal foi criada nos cafés. O café, como sítio e como bebida, é fundamental na história da liberdade tal como a concebemos desde o século XVIII. Beber uma bica, um estimulante cerebral natural, num espaço público e de conversa é, em si mesmo, a imagem perfeita do cidadão ou do vizinho atento ao que se passa à sua volta. Ao contrário da taberna, onde as pessoas bebem para cair num torpor, o café desperta, e, nesse sentido, é impossível pensarmos nas conquistas democráticas e liberais sem esta vivacidade cafeinada. O café é um autor do mundo liberal, como Tocqueville ou Hamilton; representa (ou representava) um centro liberal e cosmopolita entre a rua revolucionária, à sua esquerda, e do trono reacionário, à sua direita.
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