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Opinião

Quo vadis, América

Se me fizessem uma biopsia sentimental, encontrariam sangue americano a ser bombeado por um coração português

Pode um europeu chorar de tristeza pela América? Pode; garanto-vos. Um europeu da minha geração tem duas nações: a sua e a América. Tenho tanto de português como de americano, aliás, julgo que, se me fizessem uma biopsia sentimental, encontrariam sangue americano a ser bombeado por um coração português. Em todas as fases da minha vida, cresci dentro da cultura americana, desde a pop chunga até à arte mais sofisticada, desde o Ninja Americano até Melville. Eduquei o meu olhar artístico na literatura e no cinema americano. Eduquei o meu olhar político nos clássicos políticos dos EUA, de Hamilton a Lincoln. Sou filho da NATO, da queda do muro de Berlim e do mundo otimista que foi criado e que está perante os nossos olhos. À escala global, a globalização reduziu a pobreza e a doença numa proporção sem precedentes na história da Humanidade, um feito notável que está por apreender, porque as perceções à esquerda e agora à direita exigem o apocalipse todos os dias às oito da noite. Ainda nesta semana ficámos a saber que a pobreza mais abjeta caiu para níveis baixíssimos na Índia. A incapacidade dos média e da academia para acolher as boas notícias desde 1989 explica em parte o coração apocalíptico de Trump e de quem o segue. À escala europeia, vivemos o fim da história, construímos a UE e uma identidade pan-europeia feita na paz, no comércio e no amor. Sim, no sexo e no amor: quantos bebés Erasmus há por este continente fora?

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