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Opinião

Discoteca fascista

‘The National Front Disco’, de Morrissey, surgiu em 1992, quando a força mais visível da extrema-direita inglesa era o Partido Nacional Britânico

Como lembrei numa crónica anterior, Morrissey, de quem sou fã desde os 17 anos, escreve muito bem sobre as complicações da sexualidade, talvez porque a sua sexualidade seja de espécie complicada. Em contrapartida, sempre teve intervenções políticas primárias e caricaturais. O socialista-sindicalista Billy Bragg parece um moderado ao pé dele, não porque Morrissey alguma vez estivesse muito à esquerda (nos últimos anos tornou-se mesmo reaccionário) mas porque é um extremista por natureza. Basta lembrar ‘Margaret on the Guillotine’, que deseja um homicídio à moda jacobina da então primeira-ministra. Canções políticas, em sentido lato, há várias já na discografia dos Smiths, da animalista ‘Meat Is Murder’ à feminista ‘Shakespeare’s Sister’ e à ultramisantrópica ‘Death of a Disco Dancer’. Mas, a solo, Morrissey acentuou a caricatura em matérias raciais, sociais e políticas, Salva-se a zangada e eficaz ‘Irish Blood, English Heart’, catilinária contra a monarquia, os trabalhistas, os conservadores e, imagine-se, Cromwell. E a certeira, ainda que ambígua, ‘The National Front Disco’.

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