Com o regresso de Trump, é impossível ficar ultrajado o tempo todo. As massas responderam com uma tremenda apatia
Visto agora, suponho que seria uma inevitabilidade. Mas não fazia ideia. A indignação, o ultraje, são “recursos finitos”. Andei anos a gastar indignação em coisas triviais, escândalos pífios, tanta bruxa queimada por ter um gato preto, tanto alegado mafarrico atirado do penhasco só por ter olhado de esguelha para um decote, e agora é como um motor sem potência: dá três tosses e desiste. Minto. Nem há pachorra para tentar ficar indignado. O mundo como o conhecíamos é terraplanado por via de ordens executivas de Donald Trump — ameaça invadir, promove o incesto entre legisladores e bilionários, nomeia aberrações. E então? Era do que se estava à espera, não? E o abespinhamento? As vestes rasgadas? As manifs de milhões. Pois é. Não há. Esgotou.
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