Exclusivo

Opinião

Isso é tudo muito bonito, mas

Não tenho a mínima intenção de ser uma pessoa melhor. Por razões profissionais, estou até empenhado em ser uma pessoa ainda pior

No final do “Cândido”, Voltaire põe o professor Pangloss a fazer mais uma demonstração da ideia de que vivemos no melhor dos mundos possíveis. E Cândido responde com a última frase do livro, uma das mais célebres da história da literatura: “Isso é tudo muito bonito, mas temos de cultivar o nosso jardim.” Como acontece com todas as frases que são consideradas “uma das mais célebres da história da literatura”, ninguém sabe ao certo o que ela significa. É possível que, com a palavra jardim, Voltaire não queira exactamente dizer jardim, visto que os escritores costumam ter essa mania, e se refira antes a outra coisa. Por outro lado, talvez o jardim seja mesmo um jardim, e Voltaire queira contrapor, às pomposas filosofias de Pangloss, uma coisa propositadamente comezinha — isto supondo que um jardim, e o acto de tratar dele, são coisas simples e comezinhas. Seja como for, parece que Voltaire queria sobretudo fazer pouco do optimismo, ou de um certo optimismo.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate