Opinião

Grandes expectativas para a biomassa em Portugal: políticas da UE incentivam a produção de energia verde

Grandes expectativas para a biomassa em Portugal: políticas da UE incentivam a produção de energia verde

Manuel Pitrez de Barros

Diretor-geral da CBN (Centrais de Biomassa do Norte)

Prevê-se que, até 2050, haja uma maior procura de biomassa na União Europeia, mas uma maior discrepância entre a procura e a oferta de biomassa para bioenergia e materiais de base biológica. Esta é uma oportunidade única para Portugal posicionar-se e contribuir com a produção de mais energia verde

Em linha com o Pacto Ecológico Europeu, as estratégias que lhe estão associadas e os quadros regulamentares que suportam a sua implementação, a biomassa ganha grande relevância nesta nova transição energética, nomeadamente baseada na produção de biometano e biocombustíveis.

Para que Portugal aproveite ao máximo esta oportunidade, é fundamental que, até 2025, o governo autorize a construção de mais centrais de biomassa para reduzir o crescente desfasamento entre a procura e a oferta de produção que se perspetiva na Europa. Caso contrário, arrisca-se a perder o apoio e os fundos da UE. Sem os incentivos políticos corretos, poderemos assistir a um aumento do risco de um fosso entre a procura e a oferta de centrais de biomassa, que promova o crescimento e a sustentabilidade das florestas, acrescentando valor a toda a cadeia de biomassa.

Nas próximas décadas, prevê-se que a biomassa venha a desempenhar vários papéis cruciais na sociedade e na política em relação à conservação da natureza, à segurança alimentar e energética, à redução da poluição e à atenuação e adaptação às alterações climáticas. Num cenário político e regulamentar complexo, existem numerosas metas e objetivos políticos relevantes para a biomassa terrestre, mas há uma clara necessidade de identificar e quantificar melhor os co-benefícios e os compromissos entre as diferentes linhas políticas a nível nacional.

O que podemos prever sobre a futura procura crescente e oferta de biomassa com os cenários disponíveis? as políticas relacionadas com a biomassa tendem a centrar-se em utilizações específicas da biomassa (por exemplo, bioenergia, materiais de base biológica, géneros alimentícios, alimentos para animais) ou na qualidade da biomassa (por exemplo, em relação à natureza). Para se obter uma visão global da futura procura e oferta de biomassa, é necessário definir uma estratégia que explore o potencial da biomassa em todos os domínios: energia, alimentos, produtos farmacêuticos e ambiente.

Neste contexto, vale a pena destacar alguns grandes exemplos, como a criação de um “Corredor Verde” em Sines com importância energética estratégica para a Europa, uma vez que o projeto visa a produção de metanol e amoníaco verde, que requerem CO2 biogénico ou renovável. Sem este CO2 biogénico, de acordo com as diretivas europeias, não pode ser considerado “verde”.

Estes projetos, em Sines, representam uma oportunidade única para Portugal se transformar num país exportador de combustível. Uma mudança radical na nossa Economia e posição a nível europeu. Não é por acaso que os governos dos Países Baixos, Alemanha e Dinamarca assinaram no passado dia 5 de novembro um memorando de entendimento com o Porto de Sines e o Projeto Power2X da Madoqua (empresa produtora de energia verde e amoníaco) para receberem o biocombustível que ali será produzido, o famoso “Corredor Verde”.

É imperativo que Portugal apoie estes projetos, com mais fontes de CO2 biogénico, através de centrais de biomassa e biometano. Portugal tem uma oportunidade única que não pode perder. E isto é especialmente importante num contexto europeu de independência energética, para que não fiquemos reféns de situações como a guerra Ucrânia-Rússia.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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