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Opinião

Os outros serão meus faxineiros

Os outros serão meus faxineiros

Rodrigo Guedes de Carvalho

Jornalista e escritor

Também acho que grande parte das pessoas comporta-se como se todos os outros fossem seus criados

Acredito que uma boa e saudável discussão possa ter sido em tempos, para muitos de nós, um rito banal e inofensivo. Estão a ver, certo? Aquele momento em que alguém dizia uma coisa, discordávamos, dizíamos de nossa justiça, mas nem o outro desarmava nem nós, pelo que nos restava sorrirmos e seguirmos a vida, tranquilos. Estão a ver, decerto. Até no início das redes sociais se conseguia ainda fazer isso. Era aquele tempo que alguém tão bem descreveu: eu gosto de maçãs, e tu? Eu gosto de laranjas. E cada um comia a fruta que queria. O que parecia simples rapidamente se complicou quando alguém disse que gostava de maçãs e logo lhe ripostaram em fúria: mas o que é que tens contra as laranjas, pá? Não conheço expressão mais certeira para o que nos tornámos: somos bichos do “pick up a fight”. Há uma cansativa predisposição para a zanga, sendo triste a raiz dela. Tende-se a odiar quem discorda de nós. Este salto origina um estado de permanente alteração, o que leva os que gostam de laranjas a uma busca incessante pelos que gostam de maçãs. Há que encontrá-los e aniquilá-los.

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