Opinião

Portugal e a ilusão fiscal – O IRS Jovem e a maquilhagem de um problema estrutural

Portugal e a ilusão fiscal – O IRS Jovem e a maquilhagem de um problema estrutural

Ricardo Costa

Chairman do Grupo Bernardo da Costa | Presidente do Conselho Geral da AEMinho

Se o próprio Governo reconhece que os impostos em Portugal são sufocantes, por que razão opta por criar medidas segmentadas e artificiais, em vez de corrigir o problema na raiz? A reflexão do presidente do Conselho Geral Associação Empresarial do Minho

Nos últimos tempos, temos assistido a uma celebração quase triunfalista por parte do Governo com a medida “IRS Jovem” – uma redução ou isenção fiscal destinada aos jovens. Uma solução apresentada como revolucionária, mas que, na verdade, não passa de mais um remendo para esconder a fragilidade estrutural do sistema fiscal português.
Vamos falar com franqueza: se o próprio Governo reconhece que os impostos em Portugal são sufocantes, por que razão opta por criar medidas segmentadas e artificiais, em vez de corrigir o problema na raiz e beneficiar todos os trabalhadores?

O “IRS Jovem” e programas como o “Regresso de Emigrantes” são apenas paliativos – estratégias políticas para tentar estancar a hemorragia da fuga de talento e o envelhecimento da população ativa. Mas o que dizer dos milhões de trabalhadores portugueses que continuam a carregar o peso de uma das cargas fiscais mais elevadas da Europa?

Onde está a justiça?
Onde está o respeito por quem trabalha e paga impostos há décadas?
Onde está a coragem para uma reforma fiscal séria e estruturada?

O mais preocupante é a forma como estas medidas são promovidas com pompa e circunstância, como se resolvessem os problemas reais do país. Não resolvem. Apenas criam novas desigualdades, dividindo os cidadãos entre beneficiados e esquecidos.

Precisamos de muito mais do que medidas cosméticas. Precisamos de coragem para reformar. Precisamos de justiça fiscal.

E enquanto essa mudança estrutural não acontecer, o silêncio dos contribuintes será cúmplice desta realidade. Está na hora de deixar de aceitar as migalhas e exigir uma mesa onde todos tenham lugar.

Portugal merece mais. Os portugueses merecem mais.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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