Por que razão os descamisados de hoje preferem os amanhãs que cantam de um partido como o Chega do que as promessas de sempre do PCP?
No seu XXII Congresso, Paulo Raimundo, o “jovem” secretário-geral do PCP, fartou-se de elogiar e congratular-se com a capacidade de resistência e tenacidade dos comunistas portugueses: viam-nos mortos ou moribundos, desanimados ou vencidos, mas afinal eles ali estavam, com as ideias de sempre, os combates de sempre, os inimigos de sempre. É significativo que ele tenha achado por bem garantir que o partido não está morto para assim tratar de desmentir notícias em contrário. Notícias que, todavia, a redução eleitoral do partido a quatro deputados na Assembleia da República, um no Parlamento Europeu e 19 presidências de Câmaras Municipais — uma paulatina e constante regressão — não fazem senão acentuar. Houve, porém, quem visse nos discursos de Paulo Raimundo ao congresso novidades e mudanças. Primeiro porque reconheceu dificuldades, segundo porque afirmou pretender alargar a base de militantes e votantes: aí estaria a diferença e a abertura. Bom, reconhecer as dificuldades que o PCP atravessa é óbvio, a grande diferença seria tentar perceber as razões ou, mais ainda, ensaiar um arrepio no caminho. E tentar alargar a base de apoio qualquer partido o quer, resta saber o que está disposto a ceder em troca — e, no caso do PCP, é nada.
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