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Notícias de um outro mundo

Anotem, por exemplo, o que disse a vice-PM inglesa, Angela Raymer: “Temos de encontrar uma solução política em que o Governo actue no interesse do povo sírio.” “Temos”? Quem, os ingleses, o Ocidente? E porquê, com que legitimidade?

No “Lawrence da Arábia”, de David Lean, Lawrence, depois de ter liderado a revolta árabe que o conduziu desde o Suez até Damasco, convoca para a capital síria uma assembleia magna de todas as tribos e facções árabes para, juntos, congeminarem a estratégia para a derrota final do poder otomano naquela região do mundo. Mas, perante o seu desespero e impotência, vê a assembleia degenerar numa anárquica divisão entre todos, separados por ancestrais conflitos étnicos, religiosos e até familiares. E, na sombra e sem que ele o soubesse, França e Inglaterra, através do Acordo Sykes-Picot, tinham já feito os seus próprios planos secretos para a partilha do Médio Oriente sobre os despojos do Império Otomano. T. E. Lawrence acabaria destroçado de esperanças e ilusões e afastado para Inglaterra, onde se dedicaria, nos anos seguintes, à escrita do que foi a sua extraordinária aventura árabe: “Os Sete Pilares da Sabedoria”, um dos mais fascinantes livros do século XX.

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