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Opinião

Coca-Cola artificial

Coca-Cola artificial

Ana Rita Guerra

Jornalista

Muitas agências estão a usar a IA generativa para gerarem ideias, mas “há qualquer coisa de estranho” nos conteúdos criativos

Um dos anúncios mais icónicos da história da publicidade foi para o ar no Natal de 1995, com uma música que é reconhecida até hoje como sinónimo da época festiva. Ao som de ‘Holidays are Coming’, o anúncio criado pela agência WB Doner mostrava uma caravana de camiões Coca-Cola que iam iluminando tudo à sua passagem. Um Pai Natal de bochechas rosadas e longas barbas sorria enquanto dava um gole na bebida gaseificada, com a mensagem final a surgir no ecrã: “Nada ilumina o Natal como a Coca-Cola.” Asso­ciar uma bebida que se consome fria a paisagens com neve e ursos polares podia não funcionar, mas para a marca o Natal sempre foi uma estratégia central. A Coca-Cola ajudou mesmo a modelar a imagem que temos do Pai Natal, com anúncios que datam de há quase 100 anos. É por isso que o novo anúncio que a empresa estreou na semana passada está a gerar tantos anticorpos. Apresenta-se como uma homenagem à famosa publicidade de 1995, ano em que as vendas aumentaram 6%, com nova versão da música e da caravana de camiões. No final, aparece a mensagem “Real magic” (magia real). É quase irónico, tendo em conta que este novo anúncio foi feito com ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa. Nenhuma das imagens é real.

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