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Opinião

A era da economia da masturbação

Dizem que a inteligência artificial pode vir a mudar as relações 
dos humanos com o sexo. A sério? Já perceberam agora o que se passa?

É saturante a quantidade de artigos cujo título incluem “sexo” e “inteligência artificial” (IA). Parece evidente que uma coisa tão avançada já andará por esses lados. Aliás, já vimos que a IA é muito boa para desgraçar vidas com “porno deepfake” (colocar a cara de alguém no corpo de quem está num vídeo de sexo). Não se pode dizer que tenha sido um avanço espetacular. Depois, fala-se de chatbots cada vez mais evoluídos e capazes de ter conversas sexuais e de construir uma relação de intimidade com um humano. Já vimos em filmes. Presumo que o número de homens solitários e incapazes de arriscar uma relação humana vá aumentar. É mesmo o que o mundo precisa. Mais homens solitários. E há “centenas de startups na China a lançar sex dolls munidas de IA”. Ou seja, bonecas cada vez mais… sei lá. Agora, têm partes do corpo que aquecem e aptas a ter uma conversa com o seu proprietário/amante. Que bom. Li num jornal espanhol que um novo masturbador masculino (nunca foi um produto de grande sucesso) já vem munido de IA. Não são obrigados a saber, mas aquilo é tipo um copo grande e enfia-se o dito. Agora, está ligado ao telemóvel por uma App e controla-se o número de rotações, zonas e reação do utilizador, e é criado um perfil que aprende, imaginem. “Fica-se devastado”, disse um usuário ao “El País”. Como se vê, nada muito revolucionário. Ainda não houve o momento “Oppenheimer IA e sexo”. Detalhe. Tudo isto tende não para o pinar entre dois humanos, mas para um conceito de “melhorar a experiência de uma só pessoa e tecnologia”. “One gamer”. Tenho uma notícia para os mais distraídos: já vivemos nesse paradigma.

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