Opinião

Em defesa dos Açores

Em defesa dos Açores

Duarte Freitas

Secretário Regional das Finanças do Governo Regional dos Açores

Seria do outro mundo que, o único espaço de Portugal que tem uma dívida abaixo dos 60% do PIB, necessitasse de um resgate, como é do outro mundo sugerir que um normal refinanciamento é “um empréstimo de emergência”

Na montagem recorrente, que pretende denegrir os Açores e a sua governação, o Deputado Francisco Cesar, tentou fazer noticias em Lisboa sobre a Região, anunciando que “nos círculos socialistas fala-se até da possibilidade de ser necessário um resgate pelo Governo da República” (?!).

Referiu ainda “um empréstimo de emergência de 110 milhões de euros pelo Governo da República” (?!).

Ora é preciso, em defesa dos Açores e dos seus interesses – que são muito superiores aos interesses dos “círculos socialistas” – dizer que seria do outro mundo que, o único espaço de Portugal que tem uma dívida abaixo dos 60% do PIB, necessitasse de um resgate, como é do outro mundo sugerir que um normal refinanciamento é “um empréstimo de emergência”.

Felizmente, a realidade contrasta em absoluto com a narrativa dos “círculos socialistas”.

A credibilidade da Região está atestada pelo parecer favorável do Tribunal de Contas à Conta da Região de 2022 – o primeiro desde 2016, pelos relatórios das agências de notação financeira e pelo relacionamento com os mercados financeiros nacionais e internacionais.

A enganadora, atroz e manipuladora narrativa do Deputado Francisco Cesar e dos “círculos socialistas” de denegrir o nome da Região só não prejudica seriamente os Açores porque tribunais, agências de ‘rating’ e mercados valorizam a nossa credibilidade.

Mas fica a tentativa, como nódoa irrecuperável na pele do Deputado Francisco Cesar.

A economia dos Açores vive um momento muito robusto e está a mudar de perfil: menos dependente do Orçamento Público e mais da dinâmica privada.

É isto, também, que se tenta fazer esquecer: a economia dos Açores está a crescer há mais de 40 meses, a coleta de IRC irá crescer mais de 60% em três anos, temos a maior população ativa e a maior população empregada da nossa história e a segunda mais baixa taxa de desemprego do País, segundo os dados mais recentes do INE.

Estamos, desde 2021 a convergir com o PIB ‘per capita’ de Portugal e com a União Europeia. E vamos continuar a fazê-lo nos próximos anos.

Esta robustez de economia dos Açores deriva do esforço das empresas e dos açorianos, mas também da mudança de paradigma governativo – confirmada eloquentemente pelos eleitores em fevereiro passado – consolidando várias reformas políticas, como a utilização plena do diferencial fiscal previsto na Lei de Finanças das Regiões Autónomas que, segundo a Fitch, deixou, só em 2023, mais de 190 milhões de euros na economia privada dos Açores.

Os mesmos “círculos socialistas” que diziam que a “Tarifa Açores” – viagens de até 60 euros no máximo entre duas ilhas para residentes - era impossível e ilegal, que eram contra a baixa de impostos, que eram contra o fim dos rateios do POSEI, que criticavam as reformas das políticas de emprego, que assustavam as pessoas com a devolução de verbas a Bruxelas do Programa Açores 2020 (execução ficou nos 101,2%…), esses mesmos, lançam agora mais uma atoarda.

E são, não por acaso, os mesmos “círculos socialistas” que promoveram o garrote financeiro aos Açores com o Governo de António Costa, garroteando 100 milhões de euros para transformação de divida comercial em divida financeira na saúde e que garrotearam, infamemente, a solidariedade nacional do Furacão Lorenzo.

Basta.

Em defesa dos Açores!

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